segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Violinista e Dona Onça


Conta-se que havia um violinista cuja competência em sua arte era inigualável. Certa vez, decidido a enfrentar novos desafios, propôs a si mesmo entrar em uma selva habitada por animais ferozes. Sua crença no poder de sua música assegurava-lhe que encantaria os animais, tocando-lhes seus corações e despertando o que de bom e melhor havia dentro de cada um deles.
As pessoas tentaram dissuadi-lo mas não conseguiram. E lá foi o violinista embrenhar-se no mato armado apenas de seu violino, sua arte e sua fé!
Estava no meio da floresta quando o leão o farejou. A fera ao farejar sua presa, veio correndo, correndo, correndo e quando ia desferir o bote fatal, ouviu o som que emanava do violino e encantado pela maestria do artista, aninhou-se ao lado dele para saborear as melodiosas notas musicais liberadas pelo violinista através de seu instrumento de trabalho.
Pouco depois, o tigre também farejou a refeição em potencial, também veio correndo, correndo, correndo e quando ia abocanhar sua presa, foi seduzido pelo som emitido pelo violino e também colocou-se ao lado do leão para contemplar a performance do violinista.
E assim sucessivamente, cada animal que avistava ou farejava o homem e seu violino, aproximava-se decidido a devorá-lo mas quando envolvido pelo som que tocava suas almas, apaziguavam seus ânimos superando os próprios instintos e acomodavam-se juntos aos outros para apreciar o show encantador apresentado pelo violinista.
E assim ia... até que a dona onça também passou por perto, também farejou o violinista e também veio correndo, correndo, correndo... passou por cima dos outros animais e... CRAU! Devorou o violinista e o violino, não sobrando absolutamente nada dos dois!
Os animais ficaram chocados com tamanha atrocidade e então o leão que era o rei daquela região mandou a hiena, sua porta-voz, tomar satisfações com a dona onça por seu ato impensado.
E a hiena indagou em alta voz em tom de repreensão:
- Dona onça.. dona onça.. Como pôde? Será que tamanha música não foi capaz de sensibilizá-la?
E a dona onça sem nada entender sobre o que acontecia ao seu redor, arregalou os olhos, colocou a pata em forma de concha próximo à orelha e exclamou:
- Ahn? Ahn? o que minha filha? Fala mais alto..!!!
Dona Onça era totalmente SURDA!!!
(É a melhor das músicas... só faz sentido... para quem é capaz de ouvi-las...!!!)

Amigo


Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.
Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas uma menina de 8 anos, considerada em pior estado. Foi necessário chamar a ajuda por um rádio, e ao fim de algum tempo um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido ao traumatismo e a perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como?
Após vários testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o tipo de sangue necessário. Reuniram as crianças e entre gesticulações, arranhadas no idioma tentaram explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quieto e com o olhar no teto.
Passado um momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico perguntou-lhe se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso e ininterrupto. Era evidente que alguma coisa estava errada.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra ala. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com o Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando... Minutos depois ele estava novamente tranqüilo.
A enfermeira então explicou aos americanos:
- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar TODO o seu sangue para a menina não morrer.
O médico se aproximou dele, e com a ajuda da enfermeira, perguntou-lhe:
- Mas, se era assim, por que então você se ofereceu a doar seu sangue para ela?
E o menino respondeu simplesmente:
- Ela era minha AMIGA!!!!

Amor, Fartura ou Sucesso


Uma mulher saiu de sua casa e viu três homens com longas barbas brancas sentados em frente ao quintal dela. Ela não os reconheceu. Depois de observar por algum tempo disse:
- Acho que não os conheço, mas devem estar com fome. Por favor entrem e comam algo.
- O homem da casa está ? Perguntaram.
- Não, ela disse, está fora.
- Então não podemos entrar. Eles responderam.
A noite quando o marido chegou, ela contou-lhe o que aconteceu.
- Vá diga, que estou em casa e convide-os a entrar.
A mulher saiu e convidou-os a entrar.
- Não podemos entrar juntos. Responderam.
- Por que isto ? - Ela quis saber - Um dos velhos explicou-lhe :
- Seu nome é Fartura. Ele disse apontando um dos seus amigos e mostrando o outro, falou:
- Ele é o Sucesso e eu sou o Amor. E completou:
- Agora vá e discuta com o seu marido qual de nós você quer em sua casa.
A mulher entrou e falou ao marido o que foi dito. Ele ficou arrebatado e disse:
- Que bom! - ele disse. - Neste caso vamos convidar Fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de fartura.
A esposa discordou:
- Meu querido, por que não convidamos o Sucesso ?
A filha do casal que ouvia do outro canto da sala apresentou sua sugestão:
- Não seria melhor convidar o Amor? Nossa casa então estará cheia de Amor.
- Atentamos pelo conselho de nossa filha - disse o marido para a esposa – Vá lá fora e chame o Amor para ser nosso convidado.
A mulher saiu e perguntou aos três homens:
- Qual de vocês é o Amor? Por favor entre e seja nosso convidado.
O Amor levantou-se e seguiu em direção à casa. Os outros dois levantaram-se e seguiram-no. Surpresa a senhora perguntou-lhes:
- Apenas convidei o Amor, por que vocês entraram?
Os velhos homens responderam juntos :
- Se você convidasse o Fartura ou o Sucesso, os outros dois esperariam aqui fora, mas se você convidar o Amor, onde ele for iremos com ele. Onde há Amor, há também fartura e sucesso !!!

Árvore dos problemas


Esta é uma história de um homem que contratou um carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda. O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil.
O pneu do seu carro furou. A serra elétrica quebrou. Cortou o dedo. E ao final do dia, o seu carro não funcionou.
O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa. Durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.
Quando chegaram a sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família. Quando os dois homens estavam se encaminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos.
Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou-se. Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa.
Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro. Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou:
- Porque você tocou na planta antes de entrar em casa ???
- Ah! esta é a minha Árvore dos Problemas.
- Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa.
- Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta Árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte.
- E você quer saber de uma coisa?
- Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior.

Círculo dos 99


Era uma vez um Rei muito triste; que tinha um pajem, que como todo pajem de um Rei triste, era muito feliz. Todas as manhãs, o pajem chegava com o desjejum do seu Amo, sempre rindo e cantarolando alegres canções. O sorriso sempre desenhado em seu rosto, e a atitude para com a vida sempre serena e alegre. Um dia o Rei mandou chamá-lo:
-Pajem - disse o Rei - qual é o seu segredo?
-Qual segredo, Alteza?
-Qual o segredo da tua alegria?
-Não existe nenhum segredo, Majestade.
-Não minta, pajem...bem sabes que já mandei cortar muitas cabeças por ofensas menores do que a sua mentira!
-Mas não estou mentindo! Não guardo nenhum segredo.
-E por que estás sempre alegre e feliz?
-Majestade, eu não tenho razões para estar triste: muito me honra servir à Vossa Alteza, tenho minha esposa e meus filhos, e vivemos na casa que a Corte nos concedeu; somos vestidos e alimentados, e sempre recebo algumas moedas de prata para satisfazer alguns gostos... como não estar feliz?
-Se você não me disser agora mesmo qual é o seu segredo, mandarei decapitá-lo - disse o Rei. Ninguém pode ser feliz por essas razões que você me deu!
-Mas Majestade, não há nenhum segredo... Nada me satisfaria mais do que sanar a Vossa curiosidade, mas realmente não há nada que eu esteja escondendo.
-Vá embora daqui antes que eu chame os guardas.
O pajem sorriu, fez a habitual reverência e deixou o Rei em seus pensamentos. O Rei estava como louco. Não podia entender como o pajem poderia ser feliz vivendo em uma casa que não lhe pertencia, usando roupas de terceira mão e se alimentando dos restos dos cortesãos. Quando se acalmou mandou chamar o mais sábio de seus conselheiros, e lhe contou a conversa que tivera com o pajem pela manhã.
-Sábio, por que ele é feliz?
-Ah, Majestade! O que acontece é que ele está fora do Círculo...
-Fora do Círculo?
-Sim.
-E é isso o que faz dele uma pessoa feliz?
-Não, Majestade. Isso é o que não o faz infeliz...
-Vejamos se entendo: estar no Círculo sempre nos faz infelizes?
-Exato.
-E como ele saiu desse tal Círculo?
-Ele nunca entrou.
-Nunca entrou? Mas que Círculo é esse?
-É o Círculo dos 99...
-Realmente não entendo nada do que você me diz.
-A única maneira para que Vossa Alteza entenda seria mostrando pelos fatos.
-Como?
-Fazendo com que ele entre no Círculo.
-Isso! Então o obrigarei a entrar!
-Não, Alteza, ninguém pode ser obrigado a entrar...
-Então teremos que enganá-lo?
-Não será necessário... se lhe dermos a oportunidade, ele entrará por si mesmo.
-Por si mesmo? Mas ele não notará que isso acarretará sua infelicidade?
-Sim, mas mesmo assim entrará... Não poderá evitar!
-Me diz que ele saberá que isso será o passo para a infelicidade e que mesmo assim entrará?
-Sim. O senhor está disposto a perder um excelente pajem para compreender a estrutura do Círculo? -Sim.
-Então nesta noite passarei a buscar-lhe. Deves ter preparada uma bolsa de couro com 99 moedas de ouro. Mas devem ser exatas 99, nem uma a mais, nem uma a menos.
-O que mais? Devo levar escolta para proteger-nos?
-Nada mais do que a bolsa de couro, Majestade...
-Então vá. Nos vemos à noite.
Assim foi... Nessa noite o sábio buscou o Rei e juntos foram até os pátios do Palácio. Se esconderam próximo à casa do pajem, e lá aguardaram o primeiro sinal. Quando dentro da casa se acendeu a primeira vela, o sábio pegou a bolsa de couro e junto a ela atou um papel que dizia as seguintes palavras: "Este tesouro é teu. É o prêmio por ser um bom homem. Aproveite e não conte a ninguém como encontrou esta bolsa". Logo deixou a bolsa com o bilhete na porta da pajem. Golpeou uma vez e correu para esconder-se. Quando o pajem abriu a porta, o sábio e o Rei espiavam por entre as árvores para verem o que aconteceria. O pajem viu o embrulho à sua porta, olhou para os lados, leu o papel, agitou a bolsa e, ao escutar o som metálico, estremeceu dos pés à cabeça, apertou a bolsa contra o peito e rapidamente entrou em sua casa. O Rei e o sábio se aproximaram então da janela para presenciar a cena. O pajem havia despejado todo o conteúdo da bolsa sobre a mesa, deixando somente a vela para iluminar. Havia se sentado e seus olhos não podiam crer no que estavam vendo...Era uma montanha de moedas de ouro! Ele, que nunca havia tocado em uma dessas, de repente tinha um mote delas...Ele as tocava e amontoava, acariciava e fazia brilhar à luz da vela. Juntava e esparramava, fazendo pilhas... E assim, brincando, começou a fazer pilhas de 10 moedas. Uma, duas, três, 4, 5.... e enquanto isso somava 10, 20, 30, 40, 50... até que formou a última pilha... 99 moedas? Seu olhar percorreu a mesa primeiro, buscando uma moeda a mais, logo o chão e finalmente a bolsa. "Não pode ser" – pensou. Pôs a última pilha ao lado das outras 9 e notou que realmente esta era mais baixa.
-Me roubaram! Me roubaram – gritou. Uma vez mais procurou por todos os cantos, mas não encontrou o que achava estar faltando...Sobre a mesa, como que zombando dele, uma montanha resplandecia e lhe fazia lembrar que haviam SOMENTE 99 moedas."99 moedas... é muito dinheiro" – pensou.
-"Mas falta uma... Noventa e nove não é um número completo. 100 é, mas 99 não..."
O Rei e o sábio espiavam pela janela e viam que a cara do pajem já não era mais a mesma: ele estava com as sobrancelhas franzidas, a testa enrugada, os olhos pequenos e o olhar perdido... sua boca era uma enorme fenda, por onde apareciam os dentes que rangiam. O pajem guardou as moedas na bolsa, jogou o papel na lareira e olhando para todos os lados e constatar que ninguém havia presenciado a cena, escondeu a bolsa por entre a lenha. Pegou papel e pena e sentou-se a calcular. Quanto tempo teria que economizar para poder obter a moeda de número 100? O tempo todo o pajem falava em voz alta, sozinho...Estava disposto a trabalhar duro até conseguir. Depois, quem sabe, não precisaria mais trabalhar... com 100 moedas de ouro ninguém precisa trabalhar. Finalizou os cálculos. Se trabalhasse e economizasse seu salário e mais algum extra que recebesse, em 11 ou 12 anos conseguiria o necessário para comprar a última moeda." Mas 12 anos é tempo demais... Se eu pedisse à minha esposa que procurasse um emprego no vilarejo, e se eu mesmo trabalhasse à noite, em 7 anos conseguiríamos" - concluiu depois de refazer os cálculos.
"Mesmo sendo muito tempo, é isso o que teremos que fazer..."
O Rei e o sábio voltaram ao Palácio. Finalmente o pajem havia entrado para o Círculo dos 99!!! Durante os meses seguintes, o pajem seguiu seus planos conforme havia decidido naquela noite. Numa manhã, entrou nos aposentos reais com passos fortes, batendo nas portas, rangendo dentes e bufando com todo o mau humor típico dos últimos tempos...
-O que lhe acontece, pajem? - perguntou o Rei de bom grado.
-Nada, não acontece nada...
-Antigamente, não faz muito, você ria e cantava o tempo todo...
-Faço ou não o meu trabalho? O que Vossa Alteza esperava? Que além de pajem sou obrigado a estar sempre bem por que assim o deseja?
Não se passou muito e o Rei despediu o seu pajem, afinal, não era nada agradável para um Rei triste ter um pajem mau humorado o tempo todo...
Você, Eu e todos ao redor fomos educados nessa psicologia: sempre falta algo para estarmos completos, e somente completos podemos gozar do que temos. Portanto, nos ensinaram que a Felicidade deve esperar até estar completa com aquilo que falta. E como sempre falta algo, a idéia volta ao início e nunca se pode desfrutar plenamente da vida.
Mas, o que aconteceria se a Iluminação chegasse às nossas vidas e nos déssemos conta, assim, de repente, que nossas 99 moedas são os nossos 100%? Que nada nos faz falta? Que ninguém tomou aquilo que é nosso? Que não se é mais feliz por ter 100 e não 99 moedas? Que tudo é uma armadilha posta à nossa frente para que estejamos sempre cansados, mau humorados, desanimados, infelizes? Uma armadilha que nos faz empurrar cada vez mais e ainda assim tudo continue igual... eternamente iguais e insatisfeitos....
Quantas coisas mudariam se pudéssemos desfrutar de nosso tesouro tal como é! Se este é o seu problema, a solução para sua vida está em saber valorizar o que você tem ao seu redor, e não lamentar-se por aquilo que não tem ou que poderia ter...

Como se escreve


Quando Joey tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Joey desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora e disse:
- Professora, como a gente escreve...? Ela não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula.
Joey dobrou o papel e o guardou no bolso. Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho.
Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse.
- Mamãe, como a gente escreve...?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso.
Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai e disse .
- Papai, como a gente escreve...?
- Joey, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso. No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram...
Quando Joey tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Annie fez um desenho. Era o desenho de sua família. O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e ela disse.
- Este aqui é você, papai! A garota também riu. O pai olhou para o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo.
Annie desceu rapidamente do colo do pai e avisou: eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou.
- Papai, como a gente escreve amor? Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: amor, querida, amor se escreve com as letras T...E...M...P...O (TEMPO).
Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive.
Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo...bom, o tempo é uma questão de escolha.

Desejo a você


Fruto do mato, cheiro de jardim, namoro no portão, domingo sem chuva, segunda sem mau humor, sábado com seu amor, filme do Carlitos, chope com amigos, crônica de Rubem Braga, viver sem inimigos, filme antigo na TV, ter uma pessoa especial e que ela goste de você.
Música de Tom com letra de Chico, frango caipira em pensão do interior, ouvir uma palavra amável, ter uma surpresa agradável, ver a banda passar.
Noite de lua cheia, rever uma velha amizade, ter fé em Deus... Não ter que ouvir a palavra não nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança, ouvir canto de passarinho, sarar de resfriado, escrever um poema de amor, que nunca será rasgado.
Formar um par ideal, tomar banho de cachoeira, pegar um bronzeado legal, aprender uma nova canção... Esperar alguém na estação.
Queijo com goiabada, por-do-sol na roça... Uma festa, um violão, uma seresta. Recordar um amor antigo, ter um ombro sempre amigo, bater palmas de alegria.
Uma tarde amena, calçar um velho chinelo, sentar numa velha poltrona, tocar violão para alguém, ouvir a chuva no telhado, vinho branco, Bolero de Ravel e ...
...muito carinho meu.