terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O menino e as uvas

Um dia a mãe mandou seu filho Nelsinho, de sete anos, comprar dois quilos de uvas no mercado. O homem pesou as uvas e entregou ao menino.
Após certa demora, o menino voltou satisfeito, e entregou as uvas para a mãe. Ao pegar o pacote, dona Lídia achou que estava muito leve, pesou e já telefonou para o mercado.
- Seu Manoel, o Nelsinho chegou com as uvas. Mas eu pedi dois quilos. Parece que o pacote não tem isso, não.
- A senhora pesou as Uvas?
- Sim, pesei na venda ao lado. Deu menos de dois quilos.
- Pode ser que minha balança não esteja certa. Antes, porém lhe dou uma sugestão. Não leve a mal: seria bom pesar o menino também, antes e depois de comprar as uvas.
Dona Lídia captou a mensagem: O quitandeiro podia ter passado a perna. Mas o menino também poderia ter comido as uvas no caminho.
Quando nossos filhos tem alguma questão com colegas ou professores, sempre achamos que só os outros estão errados...

O mundo vai se acabar

Liana estava em seu quarto sozinha, de madrugada, pensando nos seus problemas e inúmeras dúvidas, principalmente em relação ao futuro e ao seu próximo casamento com o namoradinho de infância.
De repente, ela viu surgir na sua frente uma linda mulher, envolta em um halo de luz dourada, como uma aparição angelical, que lhe disse:
- Liana, o mundo vai se acabar em 30 dias. Seja feliz! Você só tem 30 dias para isso. Adeus!
Dizendo isso a mulher dourada lhe entregou um papel onde estava escrito exatamente o que acabara de lhe dizer. E desapareceu. 
Liana ficou muito intrigada e adormeceu, mais confusa do que já estava.
Na manhã seguinte, ao acordar, Liana pensou haver sonhado um sonho estranho e não deu muita importância, até o momento em que encontrou um papel escrito em letras douradas, na sua escrivaninha, contendo as frases da aparição noturna.
- Então foi verdade! - pensou.
Contou para todas as pessoas. E ninguém acreditou nela.
- Você deve ter sonhado com isso. E você mesma escreveu. O papel é igual ao do bloco que há em cima da sua escrivaninha. Imagine! O mundo se acabar em 30 dias! Essa é muito boa! - disse sua mãe.
As únicas pessoas que acreditaram nela foram suas amigas, desde os tempos de colégio, Terina e Elisia, também de 20 anos, como ela.
Fizeram, então, uma reunião para decidir o que fazer para serem felizes em 30 dias: - viajar, comprar roupas, objetos, carros; passear, divertir-se ao máximo em festas, boates, discotecas, teatros, cinemas; namorar, visitar amigos, parentes queridos, enfim, tudo que fosse possível para ser feliz.
Porém, como haveriam de fazer tudo isso, se não tinham dinheiro? Decidiram pedir emprestado aos pais, a amigos ou ao banco. Daí surgiu a questão sobre como pagar os empréstimos.
- Se o mundo vai se acabar em 30 dias, não precisaremos pagar! - concluiu Liana.
E foi o que fizeram. Arrumaram empréstimos em bancos e com os pais e trataram de se divertir o quanto podiam. Para começar, Liana desmarcou o casamento, sobre o qual não estava muito certa, pelo menos naquele momento da sua vida. Queria conhecer outras pessoas, outros rapazes, viajar, enfim, aproveitar o que lhe restava de vida.
As três amigas, para espanto de todos, mudaram todos os seus comportamentos e gostaram muito disso. Fizeram excelentes passeios, conheceram pessoas, novas amizades, novos namorados, viagens, compras, enfim, tudo o que tinham vontade, durante 29 dias.
Na noite do 29º dia decidiram permanecer juntas, pois no dia seguinte.
Passaram a noite observando qualquer acontecimento diferente, à espera do momento em que o mundo se acabaria.
O dia amanheceu e nada aconteceu. As horas transcorreram dentro da mais absoluta normalidade e nada de estranho ocorreu.
Muito surpresas, viram chegar a noite do 30º dia, sem novidade. Ocorreu-lhes, então, a idéia de que poderia ter havido um engano.
- Vamos verificar o bilhete da mulher dourada - disse uma das três amigas.
E assim foi feito. De fato, a frase do bilhete não era de que o mundo iria se acabar em 30 dias, como Liana havia lido, transtornada pela emoção do momento, mas sim, em 300 dias.
Ficaram muito felizes ao constatar que ainda tinham mais 270 dias para se divertirem.
- Esperem! Acho que agora estamos com um problema! Já que o mundo não se acabou, teremos de pagar as contas! - disse Liana, assustada.
- É mesmo! O que faremos agora! - responderam as outras duas.
- Vamos pensar com calma e encontraremos uma solução.
Resolveram que cada uma deveria procurar trabalhar naquilo de que mais gostava de fazer e sabia fazer melhor.
Liana gostava de plantas. Terina tinha um talento bastante desenvolvido para vendas. Elisia gostava mesmo era de fazer doces.
Desenvolveram uma espécie de microempresa, nos fundos da casa de uma delas. Lá Liana começou a cultivar várias espécies de flores e a fazer desenhos sugerindo o uso delas. Planejava até aprender a desenvolver sofisticados projetos de jardinagem. Elisia fazia e confeitava bolos ornamentais que, com a prática, ficavam cada vez mais elaborados. Fazia também docinhos, bombons, tortas e pudins deliciosos. A tarefa de vender os produtos da empresa ficava por conta de Terina, que se saía muito bem nesse empreendimento, a tal ponto que quase não davam conta de atender a todas as encomendas.
Com muita dedicação, responsabilidade, confiança em si mesmas e na sua capacidade de trabalho, cada uma das três amigas, apenas dando vazão a seus respectivos talentos, conseguiu pagar, em poucos meses, todos os empréstimos que havia feito de terceiros.
Gostaram tanto dessa experiência que continuaram em atividade. Enquanto trabalhavam estavam se divertindo e seus negócios crescendo na mesma proporção de seu entusiasmo.
Até que, finalmente, chegou o 299º dia.
Elas até ficaram um pouco tristes, pois esses últimos dez meses haviam sido os melhores de suas vidas, tanto em diversões, descobertas de seu próprio potencial, encontros com suas capacidades, autoconfiança e muitos outros recursos que nem sequer imaginavam ter.
Reuniram-se novamente, como naquela noite do 29º dia, e aguardaram a chegada do fim do mundo. Conversaram muito. Fizeram um balanço e concluíram o quanto tinha sido proveitoso acreditarem em si mesmas. Agradeceram a Deus a oportunidade que tiveram de desenvolver todas suas potencialidades e talentos, os quais elas nem mesmo conheciam. Quando o mundo se acabasse, afinal elas podiam dizer que foram felizes e que viver, realmente, tinha valido a pena.
E, NO 300º DIA...
O mundo não se acabou!!!
Quem, na vida, se iludir com sonhos mirabolantes, planos fantasiosos ou qualquer tipo de ilusão, fatalmente será obrigado a pagar o devido preço pela sua ingenuidade ou pela sua irresponsabilidade.
Isto é apenas uma história, porém capaz de lembrar que, quando alguém se dispõe a assumir a responsabilidade pela própria qualidade de vida, tem a chance de se deparar com capacidades suas, até então desconhecidas.
Ao invés de esperar um empurrão da Vida, como aconteceu com as garotas, acredito que seja possível para qualquer pessoa começar, a partir de já, a entrar em contato com essas capacidades que certamente estão guardadas dentro de cada um, à espera de serem mostradas.
E para que haja alguma mudança na vida basta que se faça algo novo. Continuar com os mesmos comportamentos, só trará os mesmos resultados de sempre.
E você, o que faria se tivesse apenas 30 dias para ser feliz? E se fossem 300?

domingo, 29 de janeiro de 2012

O pãozinho

Há muitos anos, houve uma grande fome na Alemanha, e os pobres sofriam muito. Um homem rico, que amava crianças, chamou vinte delas e disse:
- Nesta cesta há um pão para cada um de vocês. Peguem e voltem todos os dias, até passar esta época de fome. Vou lhes dar um pão por dia.
As crianças estavam esfomeadas. Partiram para cima da cesta e brigaram pelos maiores pães. Nem se lembraram de agradecer ao homem que tivera tanta bondade com elas. Após alguns minutos de briga e avanço nos pães, todos foram embora correndo, cada um com seu pão, exceto uma menininha chamada Gretchen. Ela ficou lá sozinha, a pequena distância do homem. Então, sorrindo, ela pegou o último pão, o menor de todos, e agradeceu de coração.
No dia seguinte, as crianças voltaram e se comportaram pior do que nunca. Gretchen, que não entrava nos empurrões, ficou só com um pãozinho bem fininho, nem metade do tamanho dos outros. Porém quando chegou em casa e a mãe foi cortar o pãozinho, caíram de dentro dele seis moedas bem brilhantes de prata.
- Oh, Gretchen! - exclamou a mãe. - Deve haver algum engano. Esse dinheiro não nos pertence. Corra o mais rápido que puder e devolva-o ao cavalheiro!
E Gretchen correu para devolver, mas, quando deu o recado da mãe, o senhor lhe disse:
- Não foi engano nenhum. Eu mandei cozinhar as moedas no menor dos pães, para recompensar você. Lembre-se de que as pessoas que preferem se contentar com o menor pedaço, em vez de brigar pelo maior, vão encontrar muitas bênçãos bem maiores do que dinheiro dentro da comida.

O pastor e o asno

Um Pastor observava tranqüilo seu Asno pastando em uma verde pradaria.
De repente, ouviu ao longe os gritos do inimigo que se aproximava.
Ele rogou ao animal para que corresse com ele na garupa, o mais rápido que pudesse, a fim de que não fossem ambos capturados. O Asno com calma, falou:
- Por que eu deveria temer o inimigo? Você acha provável que o conquistador coloque em mim, além dos dois cestos de carga que carrego, outros dois?
- Não, respondeu o Pastor.
- Então - disse o animal - contanto que eu carregue os dois cestos que já possuo, que diferença faz a quem estou servindo?
Ao mudar o governante, para o pobre, nada muda além do nome do seu novo senhor.

O peito do pintarroxo

Há muitos e muitos anos, numa região muito fria do extremo Norte, existia apenas um fogo. Um caçador e seu filho tomavam conta de uma fogueira, mantendo-a acesa dia e noite. Sabiam que, se o fogo se apagasse, as pessoas morreriam congeladas e os ursos brancos tomariam conta de todas as terras no Norte.
Certo dia, o caçador ficou doente e o filho precisou fazer todo o trabalho sozinho. Durante muitos dias e muitas noites, ele caçou, cuidou do pai e manteve o fogo aceso.
O urso branco andava sempre por perto, olhando a fogueira. Queria apagá-la mas não se atrevia, pois tinha medo das flechas do caçador. Mas a cada dia o filho do caçador ficava mais cansado e sonolento, e o urso tomava coragem para se aproximar do fogo.
Uma noite o pobre rapaz estava tão cansado que não conseguiu manter os olhos abertos e pegou no sono. O urso veio correndo e pulou com os pés molhados de neve sobre as chamas. Rolou com os pêlos molhados sobre as brasas até elas se apagarem e voltou para a caverna onde morava, no meio das geleiras.
Mas um pequeno pintarroxo que voava ali por perto viu tudo o que o urso fizera. Ficou muito preocupado quando o fogo se apagou, mas era tão pequenino que não pôde fazer nada até o urso sumir de vista. Então deu um mergulho na cinza ainda quente e, com os olhinhos espertos, procurou até encontrar um carvão com um restinho de brasa. Abriu as asas e ficou pacientemente abanando o carvãozinho. Seu peito ficou vermelho como brasa, mas ele não parou de abanar as asas até que o carvão ficou rubro e uma chama surgiu entre as cinzas.
O pintarroxo voou então a todas as cabanas no Norte. Cada vez que ele tocava o chão, a terra ardia e surgia o fogo. Assim, em vez de um fogo só, a terra se iluminou com muitas fogueiras, e os povos do Sul ficavam intrigados com aquela luz avermelhada que viam no céu, para os lados do Norte.
Quando o urso viu as fogueiras, fugiu para as cavernas nas geleiras mais longínquas e rosnou a noite inteira. Era o fim da sua esperança de dominar as terras do Norte.
E até hoje os pais contam aos filhos como foi que o peito do pintarroxo ficou vermelho como brasa.

O pelo do leão

Numa aldeia nas montanhas da Etiópia, um rapaz e uma moça se apaixonaram e se casaram. Por algum tempo foram perfeitamente felizes, mas então os problemas chegaram à casa deles. Começaram a ver os erros um do outro nas pequenas coisas - ele a acusava de gastar muito no mercado, ela o acusava de estar sempre atrasado. Não se passava um dia sem uma discussão sobre dinheiro, sobre trabalho doméstico, sobre amigos. Às vezes ficavam tão bravos que gritavam, berravam impropérios e iam para a cama sem se falar, o que só piorava as coisas.
Depois de alguns meses ele achou que não agüentava mais aquilo e procurou um juiz velho e sábio para pedir o divórcio.
- Por quê? - perguntou ele. - Há menos de um ano que se casaram. Não ama seu marido?
- Sim, nós nos amamos, mas as coisas não vão nada bem.
- Como assim, não vão nada bem?
- Ah, brigamos muito, ele faz coisas que me irritam. Deixa roupas espalhadas pela casa toda, corta as unhas do pé na sala e deixa pelo chão, chega tarde em casa. Sempre que eu quero fazer alguma coisa, ele quer fazer outra. Não podemos viver juntos.
- Entendo - disse o velho juiz. - Talvez eu possa ajudar. Conheço um remédio mágico que vai fazer vocês se darem muito melhor. Se eu lhe der esse remédio, vai parar de pensar em divórcio?
- Claro! Gritou ela. - Qual é o remédio? Me dê!
- Calma - disse o juiz. - Para fazer o remédio preciso de um fio da cauda de um grande leão que vive perto do rio. Tem que trazer esse fio para mim.
- Mas como vou conseguir isso? - exclamou a mulher. - O leão vai me matar!
- Nisso não posso ajudar - disse o velho, abanando a cabeça. - Entendo muito de remédios, mas não entendo nada de leões. Você tem que descobrir um meio. Vai tentar?
A jovem esposa refletiu longamente. Amava muito o marido, e o remédio ia salvar seu casamento. Resolveu buscar o pêlo do leão.
Na manhã seguinte, foi ao rio e se escondeu atrás de uma pedra. Pouco tempo depois, o leão veio beber água. Quando viu as patas enormes, ela ficou tremendo de medo. O leão abriu a boca, mostrando os dentes afiados, e ela quase desmaiou. Então o leão deu um rugido e ela saiu correndo para casa.
Mas na manhã seguinte ela voltou ao rio, trazendo um saco de carne fresca. Deixou a carne no capim da margem, a duzentos metros do leão, e ficou escondida atrás da pedra enquanto ele comia.
No dia seguinte, voltou e pôs o pedaço de carne a cem metros do leão; no outro dia, pôs a carne a cinqüenta metros do leão e não se escondeu enquanto ele comia.
Assim a cada dia chegava mais perto do leão, até que um dia chegou tão perto que pôde atirar-lhe a carne na boca. No outro dia, o leão veio comer em sua mão. Tremia ao ver os dentes enormes rasgando a carne, mas tinha mais amor ao marido do que medo do leão. Muito lentamente, ela abaixou-se e arrancou um fio do pêlo da cauda da fera.
Voltou correndo ao juiz.
- Olhe! - gritou ela. - Trouxe um pêlo do leão!
O velho pegou o fio e examinou atentamente.
- Foi muita coragem sua - disse ele. - E precisou de muita paciência, não?
- Ah, sim - disse ela. - Agora me dê o remédio para salvar meu casamento!
O velho juiz abanou a cabeça.
- Não tenho mais nada a lhe dar.
- Mas o senhor prometeu! - exclamou a jovem esposa.
- Então não vê? - perguntou ele com carinho. - Já tem o remédio de que precisa. Você estava decidida a fazer o que fosse preciso, por mais que demorasse, para ter o remédio mágico para seus problemas. Mas mágica não existe. Só existe a sua determinação. Você e seu marido se amam. Se os dois tiverem a paciência, a determinação e a coragem que você demonstrou para trazer esse pêlo do leão, serão muito felizes. Pense nisso.
E a mulher voltou para casa, com novas resoluções.

O perigo dos pressupostos

Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via. Estranhou que ele viesse acompanhado por um cão. Cão forte, saltitante e com um ar agressivo. Abriu a porta e cumprimentou o amigo, efusivamente.
       - "Quanto tempo!"
       - "Quanto Tempo!" - ecoou o outro.m091099
      O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro, logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa encompridou as orelhas. O amigo visitante, porém nada.
       - "A última vez que nos vimos foi em ..."
      O cão passou pela sala, entrou no quarto e novo barulho, desta vez de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante.
       - "Quem morreu foi o ... você se lembra dele?"
      O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.
      Por fim, o visitante se despediu e já ia saindo quando o dono da casa perguntou:
       - "Não vai levar seu cão?"
       - "Cão? Ah, cão! Oh, agora estou entendendo. Não é meu não. Quando eu entrei ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu".

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O preço de uma semente

Um marido não queria mais viver com a mulher e resolveu se divorciar. Mas o casal tinha um filho recém-nascido, e tanto o pai quanto a mãe queriam ficar com o bebê. Foram consultar o juiz e a mulher argumentou:
- Carreguei a criança no ventre nove meses. Amamentei-o em meu seio, cantei para ele dormir no meu colo embalei-o todas as noites. Consolei-o quando chorava, cuidei dele quando adoecia. Estou com ele dia e noite e o amo mais que a vida. Deixe-me ficar com ele.
Então foi a vez do homem:
- Dei a semente que fez a criança. Portanto, o filho é meu e devo ficar com ele.
O juiz olhou para o homem e falou:
- Então você deu a semente?
- Isso mesmo! - respondeu ele com orgulho. - Só precisou de uma semente.
- Entendo - disse o juiz. - Então o pai dá a semente, a mãe carrega e alimenta a criança. Sendo assim, acho que posso dar uma decisão ao caso. Mas primeiro precisamos pesar umas coisas.
Mandou trazer uma balança e pesou a criança.
- O menino pesa quatro quilos e meio - disse o juiz ao pai. - Se contribuiu com apenas uma semente, pode-se concluir que a mãe deu quatro quilos e meio menos o peso de uma semente. Se quer ficar com a criança, tem que pagar a sua mulher o valor de quatro quilos e meio de comida.
O homem olhou para o juiz como se estivesse na presença de um louco varrido.
- Espere, não acabei - continuou o juiz. - Vamos consultar um carregador de bagagem.
Mandou chamar um carregador e perguntou:
- Quanto cobra para levar uma carga?
- Uma moeda por dia por cada quilo de peso - respondeu ele.
- Muito bem - disse o juiz. - Vamos calcular que essa mulher tenha carregado meio quilo no primeiro mês de gravidez, terminando com quatro quilos e meio no nono mês. Portanto, calculando uma moeda por quilo a cada dia durante nove meses, ela tem direito a mil e quatrocentas moedas. O marido deve pagar a ela mil e quatrocentas moedas por levar a carga para ele.
O homem esbugalhou os olhos.
- Mais uma coisa - disse ainda o juiz. - Se custou tudo isso para trazer a criança ao mundo, pense quanto vai custar para criá-la.
O homem ficou em silêncio, começando a entender.
- Agora entendo, senhor juiz - disse por fim. - Preciso é dividir a carga com minha mulher para equilibrar a balança.

Os perigos de andar sem rumo certo

Certa vez um Cavalo-Marinho pegou suas economias e saiu em busca de fortuna. Não havia andado muito, quando encontrou uma Águia, que lhe disse:
- "Bom amigo. Para onde vais?"
- "Vou em busca de fortuna", respondeu o Cavalo-Marinho, com muito orgulho.
- "Estás com sorte", disse a Águia. "Pela metade do seu dinheiro, deixo que leve esta asa, para que possas chegar mais rápido".
- "Que bom!", disse o Cavalo-Marinho. Pagou-lhe, colocou a asa e saiu como um raio. Logo encontrou uma Esponja, que lhe disse:
- "Bom amigo. Para onde vais com tanta pressa?"
- "Vou em busca de fortuna" respondeu o Cavalo-Marinho.
- "Estás com sorte", disse a Esponja. "Vendo-lhe este meu propulsor por muito pouco dinheiro, para que chegues mais rápido".
Foi assim que o Cavalo-Marinho pagou o resto de seu dinheiro pelo propulsor e sulcou os mares com velocidade quintuplicada. De repente, encontrou um Tubarão, que lhe disse:
- "Para onde vais, meu bom amigo?"
- "Vou em busca de fortuna", respondeu o Cavalo-Marinho.
- "Estás com sorte. Se tomares este atalho", disse o Tubarão, apontando para sua imensa boca, "ganharás muito tempo".
- "Está bem, eu lhe agradeço muito", disse o Cavalo-Marinho, e se lançou ao interior do Tubarão, sendo devorado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ordem na vida

Numa aula de Filosofia, o Professor queria demonstrar um conceito aos seus alunos. Para tanto, ele pegou um vaso de boca larga e dentro colocou, primeiramente, algumas pedras grandes. Então perguntou a classe:
- Está cheio?
Pelo que viam, o vaso estava repleto, por isso, os alunos, unanimemente responderam:
- Sim!
O professor então pegou um balde de pedregulhos e virou dentro do vaso. Os pequenos pedregulhos se alojaram nos espaços entre as pedras grandes. Então ele perguntou aos alunos:
- E agora, está cheio? 
Desta vez, alguns estavam hesitantes, mas a maioria respondeu:
- Sim!
Continuando, o professor levantou uma lata de areia e começou a derramar a areia dentro do vaso. A areia preencheu os espaços entre as pedras e os pedregulhos.
E, pela terceira vez, o professor perguntou:
- Então, está cheio?
Agora, a maioria dos alunos estava receosa, mas, novamente muitos responderam:
- Sim!
Finalmente, o professor pegou um jarro com água e despejou o líquido dentro do vaso. A água encharcou e saturou a areia. Neste ponto, o professor perguntou para a classe:
- Qual o objetivo desta demonstração?
Um jovem e "brilhante" aluno levantou a mão e respondeu:
- Não importa quanto a "agenda" da vida de alguém esteja cheia, ele sempre conseguira "espremer" dentro, mais coisas!
- Não exatamente! Respondeu o professor.
- O ponto é o seguinte: A menos que você, em primeiro lugar, coloque as pedras grandes dentro do vaso, nunca mais conseguirá colocá-las lá dentro. Vamos! Experimente, disse o professor ao aluno, entregando-lhe outro vaso igual ao primeiro, com a mesma quantidade de pedras grandes, de pedregulhos, de areia e de água.
O aluno, começou a experiência, colocando a água, depois a areia, depois os pedregulhos e por último, tentou colocar as pedras grandes. Verificou, surpreso, que elas não couberam no vaso. Ele já estava repleto com as coisas menores. Então, o professor explicou para o rapaz:
- As pedras grandes são as coisas realmente importantes de sua vida: seu crescimento pessoal e espiritual. Quando você dá prioridade a isso e mantém-se "aberto" para o novo, as demais coisas se ajustarão por si só: seus relacionamentos (família, amigos), suas obrigações (profissão, afazeres), seus bens e direitos materiais e todas as demais coisas menores que completam a vida. Mas, se você preencher sua vida somente com as coisas pequenas, então aquelas que são realmente importantes, nunca terão espaço em sua vida. Recomece, é uma boa sugestão. Esvazie seus vasos (mental, emocional) e comece a preenchê-los com as pedras grandes. "Ainda há tempo e ainda é tempo.
Sempre é tempo de mudar as coisas.

Plano de voo

" Boas famílias - até mesmo as melhores - ficam fora da rota 90 por cento do tempo! O segredo é que elas têm um senso de destinação. Conhecem a "trilha". E estão sempre corrigindo o curso, de novo e de novo.
       É como o voo de um avião. Antes da decolagem, os pilotos examinam o plano do voo. Por isso, sabem exatamente aonde vão e iniciam os procedimentos em conformidade com esse plano.Contudo, durante a viagem, o vento, a chuva, a turbulência, o tráfego aéreo, erros humanos e outros fatores interferem no plano, impulsionando ligeiramente a aeronave em direções diferentes, de modo que na maior parte do tempo o avião fica fora da rota do voo prescrita! Ao longo de toda a jornada ocorrem pequenos desvios em relação ao plano de voo. Condições climáticas adversas ou um tráfego aéreo especialmente pesado causam desvios maiores. Se não acontecer nada muito grave , porém o avião chegará ao seu destino.
       Mas como isso é possível? Durante o voo, os pilotos recebem constantes feedback. São comunicações dos instrumentos sobre o meio ambiente, informações das torres de controle, de outras aeronaves e as vezes até das estrelas.E, com base nesses feedback, fazem os ajustes necessários para, de tempos em tempos retornar, ao plano de voo.
       A esperança não jaz nos desvios, mas na visão, no plano e na habilidade de corrigir o curso.
       O voo desse avião constitui a metáfora ideal para a vida familiar. Não faz nenhuma diferença se a nossa família saiu da rota ou mesmo está enredada em problemas. A esperança se encontra na visão , no plano e na coragem de continuar corrigindo o curso de novo e de novo".
       O segredo é ter uma destinação, um plano de voo e uma bússola.

O alpinista

Esta é a história de um alpinista que sempre buscava superar mais e mais desafios.
Ele resolveu depois de muitos anos de preparação escalar o Aconcágua. Mas ele queria a glória somente para ele, e resolveu escalar sozinho sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma escalada dessa dificuldade.
Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde, porém ele não havia se preparado para acampar e resolveu seguir a escalada decidido a atingir o topo. Escureceu, e a noite caiu como um breu nas alturas da montanha, e não era possível mais enxergar um palmo à frente do nariz, não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão, zero de visibilidade, não havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens.
Subindo por uma "parede" a apenas 100m do topo ele escorregou e caiu..... caía a uma velocidade vertiginosa, somente conseguia ver as manchas que passavam cada vez mais rápidas na mesma escuridão, e sentia a terrível sensação de ser sugado pela força da gravidade. Ele continuava caindo... e nesses angustiantes momentos, passaram por sua mente todos os momentos felizes e tristes que ele já havia vivido em sua vida... De repente ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade... Shack! Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura.
Nesses momentos de silêncio, suspenso pelos ares na completa escuridão, não sobrou para ele nada além do que gritar:
- Ó MEU DEUS ME AJUDE !!
De repente uma voz grave e profunda vinda do céu respondeu:
- QUE VOCÊ QUER DE MIM MEU FILHO?
- Me salve meu Deus por favor!!
- VOCÊ REALMENTE ACREDITA QUE EU POSSA TE SALVAR?
- Eu tenho certeza meu Deus.
- ENTÃO CORTE A CORDA QUE TE MANTÉM PENDURADO...
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou mais ainda a corda e refletiu que se fizesse isso morreria...
Conta o pessoal de resgate que no outro dia encontraram um alpinista congelado, morto, agarrado com força com as suas duas mãos a uma corda A TÃO SOMENTE DOIS METROS DO CHÃO... 

E você, teria tamanha fé???? Ou se juntaria ao alpinista????

domingo, 22 de janeiro de 2012

Remédio infalível

Um vendedor ambulante percorria os povoados oferecendo remédio contra coice de burro. Instalou-se numa pracinha, junto à capela, e começou a gritar com aquela habilidade própria dos charlatões:
- Alô, pessoal! Ouvi contar que aqui há muito burro chucro. É só agente passar perto e já vem o coice. Mas tenho aqui um remédio infalível. Querem experimentar?
Os curiosos se juntavam. Então ele mostrava um pacotinho bem fechado, dizendo:
- Cada pacotinho desses contém o remédio. Cura quem levou o coice e previne contra coices futuros. O pacotinho custa apenas ... E dava o preço de um, de dois, de três pacotes, sempre com o desconto de praxe. Mas, cuidado, perde o efeito.
Muitos roceiros compraram o tal remédio. Chegando às suas casas, abriram curiosamente o embrulho e encontraram dentro três metros de barbante e o conselho por escrito:
"Para evitar coice de burro, basta ficar longe do animal numa distância correspondente ao comprimento deste barbante." Desapontados e ludibriados, foram atrás do vendedor para lhe aplicar uma boa surra. Mas o espertalhão já havia sumido da praça.

Senhor Palha

Era uma vez, há muitos e muitos anos atrás, é claro, porque as melhores histórias sempre se passam há muitos e muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. para dizer a verdade, só tinha a roupa do corpo. Pois o Senhor Palha não tinha sorte. Era tão pobre que mal tinha o que comer e era magrinho como um fiapo de palha. Por isso é que as pessoas o chamavam de Senhor Palha.
Todo dia o Senhor Palha ia ao templo pedir à Deusa da Fortuna para melhorar sua sorte, e nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar: - "A primeira coisa que você tocar quando sair do templo lhe trará grande fortuna." O Senhor Palha levou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado e o templo estava vazio. Mesmo assim, saiu pensando: "Eu sonhei ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?" Na dúvida, correu para fora do templo, ao encontro da sorte.
Mas na pressa, o pobre Senhor Palha tropeçou nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu na terra. Ao se pôr de pé, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão.
Era um fiapo de palha.
"Bom", pensou ele, "um fiapo de palha não vale nada, mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu pegasse, é melhor guardar."
E lá foi ele, segurando o fiapo de palha.
Pouco depois apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou espantá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da cabeça dele.
"Muito bem", pensou ele. "Se não quer ir embora, fique comigo."
Apanhou a libélula e amarrou o fiapo de palha no rabinho dela. Ficou parecendo uma pequena pipa, e ele continuou descendo a rua com a libélula no fiapo.
Logo encontrou uma florista com o filhinho, a caminho do mercado, onde iam vender flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, suado, e a poeira lhe trazia lágrimas aos olhos. Mas quando o menino viu a libélula zumbindo amarrada no fiapo de palha, seu rostinho se animou.
- Mãe, me dá uma libélula? - pediu. - Por favor!
"Bom", pensou o Senhor Palha, "a Deusa da Fortuna me disse que o fiapo de palha traria sorte. mas esse garotinho está tão cansado, tão suado, que pode ficar mais feliz com um presentinho". E deu a libélula no fiapo para o garoto.
- É muita bondade sua - disse a florista. - Não tenho nada para lhe da dar em troca além de uma rosa. Aceita?
O Senhor Palha agradeceu e continuou seu caminho, levando a rosa.
Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num toco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz que o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido.
- Vou pedir minha namorada em casamento hoje à noite - queixou-se o rapaz. - Mas sou tão pobre que não tenho nada para dar a ela.
- Bom, também sou pobre - disse o Senhor Palha. - Não tenho nada de valor, mas se quiser dar a ela esta rosa, é sua.
O rosto do rapaz se abriu num sorriso ao ver esplêndida rosa.
- Fique com essas três laranjas, por favor - disse o jovem. - É só o que posso dar em troca.
O Senhor Palha seguiu andando, carregando três suculentas laranjas.
Logo encontrou um mascate, ofegante. - Estou puxando a carrocinha o dia inteiro e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água.
- Acho que não tem nem um poço por aqui - disse o Senhor Palha - Mas se quiser pode chupar estas três laranjas.
O mascate ficou tão grato que pegou um rolo da mais fina seda que havia na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo:
- O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.
E o Senhor Palha mais uma vez seguiu pela rua, como rolo de seda debaixo do braço.
Não deu dez passos e viu passar uma princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas sua expressão logo se alegrou ao ver o Senhor Palha.
- Onde arrumou essa seda? - gritou ela. - É justamente o que estou procurando. Hoje é aniversário de meu pai e quero dar um quimono real para ele.
- Bom, já que é aniversário dele, tenho prazer em lhe dar essa seda - disse o Senhor Palha. A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte.
- O senhor é muito generoso - disse sorrindo. - Por favor, aceite esta jóia em troca.
A carruagem se afastou, deixando o Senhor Palha segurando a jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol.
"Muito bem", pensou ele, "comecei com um fiapo de palha que não valia nada e agora tenho uma jóia. Acho que está bom."
Levou a jóia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha ficou rico.
Mas a riqueza não o modificou. Sempre ofereceu arroz aos que tinham fome e ajudava a todos que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fiapo de palha, mas quem sabe foi com a generosidade?

Sobre a coragem de experimentar

Um rei submeteu sua corte à prova para preencher um cargo importante. Um grande número de homens poderosos e sábios reuniu-se ao redor do monarca.
porta
"Ó vós, sábios", disse o rei, "eu tenho um problema e quero ver qual de vós tem condições de resolvê-lo."
Ele conduziu os homens a uma porta enorme, maior do que qualquer outra por eles já vista.
O rei esclareceu:
"Aqui vedes a maior e mais pesada porta de meu reino. Quem dentre vós pode abri-la?
"Alguns dos cortesãos simplesmente balançaram a cabeça. Outros, contados entre os sábios, olharam a porta mais de perto, mas reconheceram não ter capacidade de fazê-lo.
Tendo escutado o parecer dos sábios, o restante da corte concordou que o problema era difícil demais para ser resolvido. Somente um único vizir aproximou-se da porta.
Ele examinou-a com os olhos e os dedos, tentou movê-la de muitas maneiras e, finalmente, puxou-a com força. E a porta abriu-se.
Ela tinha estado apenas encostada, não completamente fechada, e as únicas coisas necessárias para abri-la eram a disposição de reconhecer tal fato e a coragem de agir com audácia.
O rei disse: "Tu receberás a posição na corte, pois não confias apenas naquilo que vês ou ouves; tu colocas em ação tuas próprias faculdades e arriscas experimentar."

Um som por um perfume

Um pobre viajante parou ao meio-dia para descansar à sombra de uma frondosa árvore. Ele viera de muito longe e sobrara apenas um pedaço de pão para almoçar. Do outro lado da estrada, havia um quiosque com tentadores pastéis e bolos; o viajante se deliciava sentindo as fragrâncias que flutuavam pelo ar, enquanto mascava seu pedacinho de pão dormido.
       Ao se levantar para seguir caminho, o padeiro subitamente saiu correndo do quiosque, atravessou a estrada e agarrou-o pelo colarinho.
       - Espere aí! - gritou o padeiro. - Você tem que pagar pelos bolos!
       - Que é isso? - protestou o espantado viajante. - Eu nem encostei nos seus bolos!
       - Seu ladrão! - berrava o padeiro. - É perfeitamente óbvio que você aproveitou seu próprio pão dormido bem melhor, só sentindo os cheirinhos deliciosos da minha padaria. Você não sai daqui enquanto não me pagar pelo que levou. Eu não trabalho à toa não, camarada!
       Uma multidão se juntou e instou para que levasse o caso ao juiz local, um velho muito sábio. O juiz ouviu os argumentos, pensou bastante e depois ditou a sentença.
       - Você está certo - disse ao padeiro. - Este viajante saboreou os frutos do seu trabalho. E julgo que o perfume dos seus bolos vale três moedas de ouro.
       - Isso é um absurdo! Objetou o viajante. - Além disso, gastei meu dinheiro todo na viagem. Não tenho mais nem um centavo.
       - Ah... - disse o juiz. - Neste caso, vou ajudá-lo.
       Tirou três moedas de ouro do próprio bolso, e o padeiro logo avançou para pegar.
       - Ainda não - disse o juiz. - Você diz que esse viajante meramente sentiu o cheiro dos seus bolos, não é?
       - É isso mesmo - respondeu o padeiro.
       - Mas ele não engoliu nem um pedacinho?
       - Já lhe disse que não.
       - Nem provou nem um pastel?
       - Não!
       - Nem encostou nas tortas?
       - Não!
       - Então, já que ele consumiu apenas o perfume, você será pago apenas com som. Abra os ouvidos para receber o que você merece.
       O sábio juiz jogou as moedas de uma mão para outra, fazendo-as retinir bem perto das gananciosas orelhas do padeiro.
       - Se ao menos você tivesse a bondade de ajudar esse pobre homem em viagem - disse o juiz -, você até ganharia recompensas em ouro, no Céu.

Unha de fome

Depois duma vida de misérias e privações Unha-de-Fome conseguiu amontoar um tesouro, que enterrou longe de casa, num lugar ermo, colocando uma grande pedra em cima. Mas tal era o seu amor pelo dinheiro, que volta e meia rondava a pedra, e namorava como o jacaré namora os seus próprios ovos ocultos na areia. Isto atraiu a atenção dum vizinho, que o espionou e por fim lhe roubou o tesouro.
Quando Unha-de-Fome deu pelo saque, rolou por terra desesperado, arrepelando os cabelos.
- Meu tesouro! Minha alma! Roubaram minha alma! Um viajante que passava foi atraído pelos berros.
- Que é isso, homem?
- Meu tesouro! Roubaram meu tesouro!
- Mas morando lá longe você o guardava aqui, então? Que tolice! Se o conservasse em casa não seria mais cômodo para gastar dele quando fosse preciso?
- Gastar do meu tesouro!? Então você supõe que eu teria a coragem de gastar uma moedinha só, das menores que fosse?
- Pois se era assim, o tesouro não tinha para você a menor utilidade, e tanto faz que esteja com quem o roubou como enterrado aqui. Vamos! Ponha no buraco vazio uma pedra, que dá no mesmo. Que utilidade tem o dinheiro para quem só o guarda e não gasta?

Valorizando a vida

Conta a lenda que um rico mandarim chinês encheu-se de tédio pela sua vida fautosa e pelo seu poder sem limites. Nada mais despertava seu interesse, não sentia prazer por coisa alguma. Seus desejos, mal eram formulados e já estavam realizados. Tinha perdido sua ligação com a vida e não havia nele a vontade de viver. Percebeu a insensatez e a inutilidade de sua existência e temeu ficar louco. Para acabar com o sofrimento, o rico mandarim ordenou ao seu barbeiro que, num dia qualquer, sem nenhum aviso, ao fazer-lhe a barba, cortasse-lhe a garganta. Era uma ordem e tinha que ser obedecida.
Nos primeiros dias, o mandarim se fez barbear com toda tranqüilidade, pois não esperava que a ordem fosse cumprida de imediato, mas, à medida que o tempo avançava, começou a se perguntar se o dia seria amanhã.
O entendido mandarim passou então a viver cada dia como se fosse o último, e livre da "obrigação de viver", o rico mandarim se pode permitir ver como era lindo o amanhecer, como eram diferentes os tons de verde dos seus campos, como era alegre o canto dos pássaros e como eram belas as suas cores, como eram imponentes e cheios de força os rios que cortavam suas propriedades. Viu também toda a beleza de uma tormenta, numa exibição gratuita de energia e violência. Viu também que tinha um corpo e se deu conta de que, só tendo um corpo capaz de sentir, podia viver a beleza da vida. Por tudo isso valia a pena viver!
Agora o barbear era uma agonia e, embora tivesse dado uma contra-ordem ao barbeiro, mandou decapitá-lo, por via das dúvidas.

Woo Sing e o espelho

Um dia, o pai de Woo Sing chegou em casa com um espelho trazido da cidade grande.
Woo Sing nunca vira um espelho na vida. Dependuraram-no na sala enquanto ele estava brincando lá fora; quando voltou, não compreendeu o que era aquilo, pensando estar na presença de outro menino.
Ficou muito alegre, achando que o menino viera brincar com ele.
Ele falou muito amigavelmente com o desconhecido, mas não teve resposta.
Riu e acenou para o menino no vidro, que fazia a mesma coisa, exatamente da mesma maneira.
Então, Woo Sing pensou: "Vou chegar mais perto. Pode ser que ele não esteja me escutando." Mas quando começou a andar, o outro menino logo o imitou.
Woo Sing estacou e ficou pensando nesse estranho comportamento. E disse para si mesmo:
"Esse menino está zombando de mim; faz tudo o que eu faço!"
E quanto mais pensava, mais zangado ficava. E logo reparou que o menino estava zangado também.
Isso acabou de exasperar Woo Sing! Deu um tapa no menino, mas só conseguiu machucar a mão, e foi chorando até seu pai. Este lhe disse:
- O menino que você viu era a sua própria imagem. Isso deve ensinar você uma importante lição, meu filho. Tente não perder a cabeça com as outras pessoas. Você bateu no menino no vidro e só conseguiu machucar a si mesmo.
"E lembre-se: na vida real, quando você agride sem motivo, o mais magoado é você mesmo."

domingo, 15 de janeiro de 2012

Os três estágios da vida

JOVENS: Têm todo o tempo do mundo, e muita energia, mas não têm grana.
ADULTOS: Têm dinheiro e energia, mas não têm tempo.
IDOSOS: Têm dinheiro e todo o tempo do mundo, mas não têm energia.


LIÇÃO: Aproveite a vida e tudo o que acontecer em cada momento dela, pois você nunca terá tudo ao mesmo tempo de uma só vez!!!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A agulha e a linha

A agulha passa por vários estágios de sofrimento até aprender a sua função: o forno abrasador da metalúrgica, o frio intenso da água em que é temperada, o peso esmagador da prensa que a faz atingir sua forma ideal.
A partir daí, precisa estar sempre dura, brilhante e afiada.
Depois de todo esse aprendizado, ela encontra a sua razão de viver: a linha.
E faz o possível para ajudá-la a enfrentar os tecidos mais resistentes, abrindo os buracos nos locais certos. Mas, quando termina seu trabalho, a misteriosa mão da costureira torna a colocá-la em uma caixa escura. Depois de tanto esforço, a sua recompensa é a solidão.
Com a linha, entretanto, a história é diferente: a partir desse momento passa a ir a todos os bailes e festas.

A carga

Conta-se uma fábula sobre um homem que caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra em uma das mãos e um tijolo na outra. Nas costas carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas. Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada.
Pelo caminho encontrou um transeunte que lhe perguntou:
- Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande?
- É estranho, respondeu o viajante, mas eu nunca tinha realmente notado que a carregava.
Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor. Em seguida veio outro transeunte que lhe perguntou:
- Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada?
- Estou contente que me tenha feito essa pergunta, disse o viajante, porque eu não tinha percebido o que estava fazendo comigo mesmo.
Então ele jogou a abóbora fora e continuou seu caminho com passos muito mais leves. Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas desnecessárias cargas. E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal.
Qual era na verdade o problema dele? A pedra e a abóbora? Não! Era a falta de consciência da existência delas. Uma vez que as viu como cargas desnecessárias, livrou-se delas bem depressa e já não se sentia mais tão cansado.
Esse é o problema de muitas pessoas. Elas estão carregando cargas sem perceber. Não é de se estranhar que estejam tão cansadas.
Temos que prestar atenção às cargas que roubam nossas forças e energia: pensamentos negativos, culpa, falta de perdão, mágoa, ciúmes, sentimentos de ódio, vingança, autopiedade...

O casamento de Jennifer

O casamento de Jennifer se aproximava rapidamente. Nada diminuía sua alegria. Nem mesmo o divórcio complicado de seus pais. Sua mãe encontrara o vestido perfeito para usar e seria a mais bem vestida mãe de noiva jamais vista!
Uma semana depois, Jennifer soube horrorizada, que a nova e jovem mulher de seu pai tinha comprado o mesmo vestido de sua mãe. Jennifer lhe pediu para trocá-lo, mas ela se recusou:
- "De modo algum, eu fico linda nesse vestido e vou usá-lo" -  foi a resposta da moça.
Jennifer contou para a mãe que ouviu a notícia muito tranquila:
- "Não se incomode, filha, eu compro outro vestido. Afinal, é o seu dia."
Alguns dias depois as duas saíram para as compras e a mãe comprou outro lindo vestido. Quando pararam para almoçar a moça perguntou:
- "Mãe, você não vai trocar aquele primeiro vestido? Você não tem outra ocasião para usá-lo."
A mãe sorriu e respondeu:
- "Claro que tenho, querida... Vou usá-lo no jantar do ensaio, na noite anterior à cerimônia."

O pequeno do xale grande

O velho André era dono de uma pequena fortuna, que juntara durante uma vida de trabalho e economia. Vivia numa pequena chácara e, como era muito caridoso, repartia sempre o que possuía com os pobres.
Era seu costume dar roupas de seu uso aos pobres e nunca se esquecia de pôr um dinheirinho nos bolsos. Diziam que ele mesmo comprava roupas para dá-las aos maltrapilhos.
Certo dia, depois de uma chuva diluviana, o velho André examinava os danos causados pelo temporal, quando enxergou atrás da cerca de bambu um menino encharcado que dizia:
- Moço, moço! O senhor tem uma roupa velha para mim? Mamãe me mandou levar ovos à quitanda e a chuva me apanhou no caminho.
- Hum! Hum! fez o velho André. - Você é muito pequeno, mas, ainda assim, pode-se arranjar qualquer coisa. E levou-o para dentro de casa. Pouco tempo depois o garoto saía com umas calças enormes, enroladas nas pernas e com um xale capaz de cobrir o picadeiro de um circo! Ria feliz e despedia-se agradecido.
O velho André seguia-o com o olhar e murmurou baixinho: talvez...
A noite começava a envolver em trevas o caminho e a casinha modesta, quando alguém bateu à porta. O velho André parou de tomar sua sopa e foi atender. Era o garoto ainda envolvido pelo xale grande.
- Você por aqui?! interrogou o velho.
- É verdade, eu ainda - atalhou o menino, estendendo a mão com o dinheiro. Encontrei num dos bolsos e vim trazer. O velho André tomou o pequeno pela mão, olhou-o demoradamente e disse baixinho:
- Uma criança! Foi o único!
Era a primeira pessoa que vinha restituir o dinheiro, que sempre colocava no bolso das roupas que dava. Não demorou muito tempo e o velho André morreu. Abriram o seu testamento. Tinha legado todos os seus bens ao "pequeno do xale grande", o mais grato, o mais honesto, o mais digno!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Evitando o stress em 20 passos



1 * Aceite que há dias em que você é o pombo e outros em que você é a estátua.

2 * Mantenha sempre suas palavras leves e doces pois pode acontecer de você precisar engolir todas elas.

3 * Só leia coisas que faça você se sentir bem e ter a aparência boa de quem está bem, caso você morra durante a leitura.

4 * Dirija com cuidado. Não só os carros apresentam defeitos e têm recall do fabricante.

5 * Se não puder ser gentil, pelo menos tenha a decência de ser vago.

6 * Se você emprestar R$200,00 para alguém e nunca mais vir essa pessoa, provavelmente valeu a pena pagar esse preço para se livrar dela.

7 * Pode ser que o único propósito da sua vida seja servir de exemplo para os outros.

8 * Nunca compre um carro que você não possa manter.

9 * Quando você tenta pular obstáculos lembre que está com os dois pés no ar e sem nenhum apoio.

10 * Ninguém se importa se você consegue dançar bem. Para participar e se divertir no baile, levante e dance, pronto.

11 * Uma vez que a minhoca madrugadora é a que é devorada pelo pássaro, durma até mais tarde sempre que puder.

12 * Lembre que é o segundo rato que come o queijo - o primeiro fica preso na ratoeira. Saiba esperar.

13 * Lembre, também, que sempre tem queijo grátis nas ratoeiras.

14 * Quando tudo parece estar vindo na sua direção, provavelmente você está no lado errado da estrada.

15 * Aniversários são bons para você. Quanto mais você tem, mais tempo você vive

16 * Alguns erros são divertidos demais para serem cometidos só uma vez.

17 * Podemos aprender muito com uma caixa de lápis de cor. Alguns têm pontas aguçadas, alguns têm formas bonitas e alguns são sem graça. Alguns têm nomes estranhos e todos são de cores diferentes, mas todos são lápis e precisam viver na mesma caixa.

18 * Não perca tempo odiando alguém, remoendo ofensas e pensando em vingança. Enquanto você faz isso a pessoa está vivendo bem feliz e você é quem se sente mal e tem o gosto amargo na boca.

19 * Quanto mais alta é a montanha mais difícil é a escalada. Poucos conseguem chegar ao topo, mas são eles que admiram a paisagem do alto e fazem as fotos que você admira dizendo "queria ter estado lá".

20 * Uma pessoa realmente feliz é aquela que segue devagar pela estrada da vida, desfrutando o cenário, parando nos pontos mais interessantes e descobrindo atalhos para lugares maravilhosos que poucos conhecem.

"Portanto, antes de voltarem para casa, depositem sua carga de trabalho/vida no chão. Não carreguem para casa. Vocês podem voltar a pegá-la amanhã. Com tranquilidade."

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lição de bondade

Aquele moço seguia todos os dias pelo mesmo caminho. Em suas viagens diárias do subúrbio, onde morava, ao centro da cidade, onde trabalhava, o trem sempre passava por um viaduto de onde se podia ver o interior de alguns apartamentos no prédio localizado em nível inferior.
Naquele lugar o trem diminuía a velocidade e por isso o rapaz podia observar através da janela de um dos apartamentos, uma senhora idosa deitada sobre a cama. Ele via aquela cena há mais de um mês. A senhora certamente convalescia de alguma enfermidade, era o que ele pensava.
O jovem teve pena dela e desejou vê-la restabelecida.
Num domingo, achando-se casualmente naquelas imediações, cedeu a um impulso sentimental e foi até o prédio onde a senhora morava.
Perguntou ao porteiro o nome da anciã e depois lhe enviou um cartão com votos de restabelecimento, assinando apenas: "Um rapaz que passa diariamente de trem."
Dali a uma semana mais ou menos, a caminho de casa no trem, o jovem olhou como sempre, para a janela. No quarto não havia ninguém e a cama estava cuidadosamente arrumada.
No parapeito da janela, porém, estava afixado um pequeno cartaz escrito à mão e iluminado por uma lâmpada de cabeceira. Mostrava apenas uma frase singela de gratidão, dizendo: "Deus o abençoe"
Aquele jovem do trem não tinha outra intenção a não ser ajudar anonimamente a uma pessoa desconhecida, atendendo a um apelo do seu coração generoso. E é por essas e outras razões que vale a pena acreditar que ainda encontramos pessoas boas no mundo.
Um gesto de solidariedade não custa nada, não tem contraindicação e está ao alcance de todos.