quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A águia


Esta é a estória de uma aguiazinha filhote que foi achada por um fazendeiro, com a asa quebrada, na floresta. Para salvá-la, ele a levou para a sua fazenda... não tendo onde colocá-la, botou-a junto das galinhas, num galinheiro. Deu comida de galinha e cuidou dela como se cuida de uma galinha. Ela se curou, mas foi crescendo como se fosse uma galinha. Às vezes achava esquisito ser tão diferente: não cacarejava, seu bico era grande e tinha grandes garras. Mas ali ficava, triste, vendo que havia algo que não estava bom, sem fazer nada...
... Até que um dia passa por aquelas paragens um naturalista... que, ao ver uma águia (ave de rapina) criada como se fosse uma galinha, leva o maior susto. Era preciso ajudá-la a mudar! Pediu licença ao fazendeiro para ensiná-la a voar e começou....
... No primeiro dia... pegou a águia e colocou-a no braço, dizendo: você não é uma galinha, é a rainha dos pássaros, uma águia; bata suas asas e saia voando... A águia não entendeu nada... Nunca tinha visto uma águia antes... pulou para o chão e voltou para o poleiro...
... No segundo dia... o naturalista, inconformado, resolveu explicar melhor... Levou-a ao alto do telhado e mostrou que ela podia voar dali, que ela tinha asas que a fariam sair voando, que suas asas eram maiores que as de uma galinha... além do bico... do seu canto... e que suas garras foram feitas para alcançar seu alimento, quando assim lhe conviesse... Bastava que ela batesse as asas e saísse voando... A águia entendeu que era diferente, porque assim se sentia; mas ela ainda não sabia como... E assim, voltou ao poleiro com toda aquela estória de liberdade, asas, garras, rainha dos pássaros...
... No terceiro dia... o naturalista entendeu que era uma questão de tempo e oportunidade... Então ele fez a oportunidade... levou-a para o alto das montanhas, lugar de águia, e mostrou muitas outras águias voando... Voltou a dizer: bata as asas e saia voando... Suas asas foram feitas para voar alto... você é a rainha dos pássaros... Ela ficou observando as outras e, de repente... num grito de liberdade... num grito de águia... saiu voando de asas abertas... Diz a lenda que esta águia nunca fez uma galinha de vítima, porque foi com as galinhas que aprendeu a ter o pé no chão, a catar seus grãos de milho e, de vez em quando, sentar no poleiro, esperando sua vez...

As lebres e as rãs


As lebres, animais tímidos por natureza, viviam oprimidas por causa da sua excessiva timidez, e cansadas de viverem em constante alerta temendo a tudo e a todos o tempo todo.
Em comum acordo resolveram por fim as suas vidas e a todos os seus problemas, saltando do alto de um penhasco, para as águas profundas de um lago abaixo.
Assim que elas correram, todas de uma só vez, para colocar em prática sua decisão, as Rãs que repousavam nas margens do lago escutaram o barulho dos seus pés, e desesperadas e tomadas de pânico, fugiram para o fundo da água em busca de segurança.
Ao ver o rápido sumiço das Rãs, uma das Lebres, rogou aos seus companheiros:
- Fiquem meus amigos, não façam isso que estão pretendendo, vimos agora que existem criaturas que vivem mais aterrorizadas que nós.

Cinquenta anos de cortesia


Um casal de idosos comemora suas bodas de ouro após longos anos de matrimônio.
Enquanto tomavam juntos o café da manhã a esposa pensou:
—"Por cinqüenta anos tenho sempre sido atenciosa para com meu esposo e sempre lhe dei a parte crocante de cima do pão. Hoje desejo, finalmente, degustar eu mesma essa gostosura."
Ela espalhou manteiga na parte de cima e deu ao marido a outra metade.
Ao contrário do que ela esperava, ele ficou muito satisfeito, beijou sua mão e disse:
—"Minha querida, tu acabas de me dar a maior alegria do dia. Por mais de cinqüenta anos eu não comi a parte de baixo do pão, que é minha preferida. Sempre pensei que eras tu que devias tê-la, já que tanto a aprecias."

Como o pescoço do avestruz ficou comprido


Antigamente, o avestruz tinha o pescoço curto, como todas aves. Naqueles dias, ele queria mais que tudo ficar amigo do crocodilo. Todos os pássaros avisaram que estava cometendo um grande erro.
- Você não pode confiar no crocodilo - disse o macaco. - Ele é malvado, mal-educado, e espanta todos os animais para longe do rio.
- E, além disso, é preguiçoso - disse o gnu. - Não faz nada o dia inteiro, fica só deitado, esperando aparecer algum almoço.
- E só pensa nele mesmo - acrescentou o elefante. - É só você virar as costas que ele lhe dá uma mordida. Não, não dá para confiar no crocodilo.
Mas o avestruz nem ligava, insistindo em querer brincar com o crocodilo.
Um dia, o crocodilo estava especialmente faminto, pois ficara sem o desjejum. Assim, disse para o avestruz:
- Meu bom amigo, estou com uma terrível dor de dentes! Você se incomodaria de enfiar a cabeça na minha boca, para ver o que há de errado?
E escancarou bem as mandíbulas.
- Ora, é claro, querido crocodilo! - disse o avestruz.
E chegou a cabeça bem perto.
- Mas você tem tantos dentes! - gritou o avestruz. - Qual é o que está doendo?
- É um lá atrás - disse o crocodilo. - Olhe bem lá atrás!
E o avestruz enfiou a cabeça lá dentro.
- Está muito escuro aqui dentro - gritou. - E são tantos dentes! Ainda não vi qual é o que dói.
E o avestruz enfiou ainda mais a cabeça.
- É este? - gritou.
- É isto! - o crocodilo gritou de volta. E fechou a bocarra, prendendo a cabeça do pobre avestruz.
- Socorro!! - gritava, puxando para trás com o corpo, tentando retirar a cabeça.
Mas o crocodilo puxava para o outro lado, segurando firme. A ave puxava para um lado, ele puxava para o outro. E o pescoço do avestruz foi esticando.
Ficaram se puxando o dia inteiro, e o pescoço do avestruz esticava cada vez mais. Deve ter doído bastante, mas o avestruz continuava puxando, pois não queria perder a cabeça.
Por fim, o crocodilo ficou cansado de puxar e largou. O avestruz pulou para trás e saiu correndo do rio o mais rápido que podia. E até hoje tem o pescoço comprido, para se lembrar de ficar longe de tipos como o crocodilo.

Como usar as palavras


Certa vez, uma jovem foi ter com o bom homem, São Filipe Neri, para confessar seus pecados. Ele já conhecia muito bem uma de suas falhas: não que ela fosse má, mas costumava falar dos vizinhos, deduzindo histórias sobre eles. Essas histórias passavam de boca em boca e acabavam fazendo mal – sem nenhum proveito para ninguém.
São Filipe lhe disse:
– Minha filha, você age mal falando dos outros; tenho que lhe passar uma penitência. Você deverá comprar uma galinha no mercado e depois caminhar para fora da cidade. Enquanto for andando, deverá arrancar as penas e ir espalhando-as. Não pare até ter depenado completamente a ave. Quando tiver feito isso, volte e me conte.
Ela pensou com seus botões que era mesmo uma penitência muito singular! Mas não objetou. Comprou a galinha, saiu caminhando e arrancando as penas, como ele lhe dissera. Depois, voltou e reportou a São Filipe.
– Minha filha – disse o Santo –, você completou a primeira parte da penitência. Agora vem o resto.
– Sim, o que é, padre?
– Você deverá voltar pelo mesmo caminho e catar todas as penas.
– Mas, padre, é impossível! A esta hora, o vento já as espalhou em todas as direções. Posso até conseguir algumas, mas não todas!
– É verdade, minha filha. E não é isso mesmo que acontece com as palavras tolas que você deixa sair? Não é verdade que você inventa histórias que vão sendo espalhadas por aí, de boca em boca, até ficarem fora do seu alcance? Será que você conseguiria segui-las e cancelá-las, se desejasse?
– Não, padre.
– Então, minha filha, quando você sentir vontade de dizer coisas indelicadas sobre seus vizinhos, feche os lábios. Não espalhe essas penas, pequenas e maldosas, pelo seu caminho.

Comparações capengas


Certa vez veio à presença de um médico um sapateiro que sofria dores terríveis e parecia estar à morte. O médico examinou-o cuidadosamente, mas não conseguiu definir um tratamento que o pudesse ajudar. O paciente perguntou angustiadamente: "Não há nada mais que me possa salvar?".
O médico respondeu ao sapateiro: "Infelizmente, eu não conheço nenhum outro recurso."
Ao ouvir isso, o sapateiro respondeu: "Já que nada mais pode ser feito, tenho apenas um desejo final. Gostaria de uma panelada de dois quilos de feijão graúdo e um litro de vinagre."
O médico sacudiu os ombros, resignado, e disse: "Não creio muito nessa idéia, mas, se acreditas que pode ajudar, segue em frente e experimenta." Durante toda a noite o médico aguardou notícias da morte do pobre homem. Porém, na manhã seguinte, para espanto do doutor, o sapateiro estava forte e ativo. O médico escreveu em seu diário: "Hoje veio a mim um sapateiro pelo qual nada podia ser feito. Mas dois quilos de feijão e um litro de vinagre ajudaram-no a melhorar."
Pouco tempo depois, o médico foi chamado para atender a um alfaiate mortalmente enfermo. Nesse caso, outra vez, o doutor viu-se perplexo. Sendo homem honesto, admitiu isso ao alfaiate. O moribundo implorou: "Mas não conhece o senhor nenhuma outra cura possível?".
O médico pensou um pouco e disse: "Não, mas recentemente um sapateiro procurou-me queixando-se de coisas semelhantes. Ele foi ajudado por dois quilos de feijão e um litro de vinagre."
"Bem, se não há outro remédio, vou experimentar esse mesmo", replicou o alfaiate. Ele comeu os feijões com vinagre e morreu no dia seguinte. Visto isso, o médico anotou em seu diário: "Ontem um alfaiate me procurou. Nada podia ser feito por ele. Ele comeu dois quilos de feijão com um litro de vinagre e então morreu. O que é bom para sapateiros não serve para alfaiates."

Burrice


Caminhavam dois burros, um com uma carga de açúcar, outro com uma carga de esponjas.
Dizia o primeiro:
- Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro argüiu:
- Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
- Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.
- Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
- Nem sempre é assim, nem sempre é assim... continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
- E agora?
- Agora é passar a vau.
O burro de açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga ia se dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.
O burro da esponja, fiel às suas idéias, pensou consigo:
- Se ele passou, passarei também - e lançou-se ao rio.
Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.
- Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar - comentou o outro.

Discernimento


Ninguém se arriscava a passar por um caminho onde uma cobra venenosa tinha feito sua moradia. Certa vez, um homem sábio passava tranqüilamente pelo caminho tão temido, desconhecedor de que ali vivia a tal serpente. Subitamente, ao sentir as vibrações e o calor do homem, a serpente levantou a cabeça, desenrolou o enorme corpo e aprontou-se para o bote. O homem, ao avistá-la, pronunciou uma fórmula mágica e ela caiu aos seus pés. A cobra, amansada pela força da magia e pelo destemor, olhava atenta para o sábio.
- Minha amiga - perguntou ele à cobra -, você tem a intenção de me morder?
A cobra, espantada, não abriu a boca.
- Por que você ataca as pessoas desavisadas, fazendo mal a elas? Eu vou lhe ensinar uma fórmula mágica poderosa, e você vai repeti-la constantemente. Desse modo, aprenderá a amar a Deus e aos seres de Deus e, ao mesmo tempo, perderá a vontade de fazer mal aos outros e agredir indiscriminadamente.
O homem murmurou a fórmula no ouvido da cobra. Ela agradeceu, balançando a cabeça, e voltou para o buraco que a abrigava. Desse dia em diante, passou a levar uma vida inocente, dócil e pura, sem sentir desejo de atacar ninguém.
Passados alguns dias, as crianças do lugarejo perceberam a mudança de comportamento da cobra e, pensando que ela tinha perdido o veneno, começaram a maltratá-la. Atiravam-lhe pedras e cutucavam seu corpo roliço com gravetos pontiagudos, machucando o pobre animal. Gravemente ferida, a cobra não reagia e voltava desconsoladamente para o seu abrigo. Tempos depois, o sábio voltou a passar pelo caminho e procurou sua amiga serpente, mas não a encontrou. As crianças disseram que ela havia morrido. Ele sabia que Deus é poderoso e que não permitiria que ela morresse sem ter solucionado o grande problema da vida, isto é, o autoconhecimento pela realização do divino. Continuou a chamar por ela. Finalmente, surgiu o animal arrastando-se, tão magro como um esqueleto, e parou aos pés do mestre.
- Minha amiga, como você está?
- Muito bem. Vai tudo bem, graças a Deus.
- Mas por que você está tão magra e fraca?
- Como o mestre me ensinou, procuro não fazer mal a nenhuma criatura. Alimento-me só de folhas. Por isso emagreci.
- Não, não deve ser apenas a mudança de alimentação. Deve haver outra razão. Pense um pouco!
- Ah, sim! Agora me lembro. Uns meninos malvados me bateram e me feriram. Eles não sabiam que eu não mordia mais e me atacaram por medo.
- Minha boa amiga, eu lhe recomendei não morder. Não a proibi de silvar para afastar os importunos e mostrar quem você é.

Ecologia


Um homem foi à floresta e pediu as árvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado.
O conselho das árvores concordou com o seu pedido, e deu a ele uma jovem árvore para este fim.
Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou a usá-lo e em pouco tempo havia derrubado com seus potentes golpes as mais nobres e maiores árvores da floresta.
Um velho Carvalho, lamentando quando a destruição dos seus companheiros já estava bem adiantada, disse a um Cedro seu vizinho:
- O primeiro passo foi a perdição de todas nós.
Se tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, poderíamos ainda ter preservado nossos próprios privilégios, e ficarmos de pé por muitos anos.

O macaco

Viajava certa vez, por uma esquecida estrada do deserto, um homem em seu automóvel. De repente, um pneu furou. Para sua consternação, deu-se conta de que não tinha macaco para levantar o carro e trocar o pneu.
Nesse instante, lembrou-se de ter passado por um posto de serviço cerca de 8 km atrás, de modo que começou a andar naquela direção. E ia pensando. “Pois é, nesta lonjura de deserto não há outros postos por perto. Se o dono desse aqui não quiser me dar ajuda, não vai haver outro lugar onde ir. Estou realmente nas mãos daquele sujeito. Ele pode me cobrar os olhos da cara só para me emprestar o macaco para eu trocar o pneu. Ele poderia cobrar R$250,00... Poderia cobrar R$500,00...Ele poderia chegar até R$1250,00 e eu não poderia fazer nada porque eu simplesmente... mas que f.d.p.! Pelo amor de Deus, mas como tem gente que se aproveita da desgraça dos outros!” 
Nisso ele chega ao posto. 
O dono se aproxima e pergunta de modo amistoso: “Olá, posso ajudá-lo em alguma coisa?” 
E o nosso amigo responde: “Olha aqui, pega o teu maldito macaco e enfia ele no ...!”


O bem mais precioso


Há muitos e muitos anos, um rapaz e uma moça se apaixonaram e resolveram se casar. Quase não tinham dinheiro, mas não ligavam para isso. A confiança mútua gerava a fé num belo futuro, desde que tivessem um ao outro. Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.
Antes do casamento, a moça fez um pedido ao noivo:
- Não posso nem imaginar que um dia a gente possa se separar. Mas pode ser que com o tempo a gente se canse um do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta a meus pais. Prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando uma bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e devidamente assinada. Casaram-se. Decididos a melhorar de vida, trabalharam arduamente e foram recompensados. Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais. O tempo passou e o casal prosperou. Conquistaram uma situação estável, cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos. Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza. Mas dedicados em tempo integral à prosperidade financeira, aprenderam a pensar mais nas coisas do que um no outro. Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio.
Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer - o sabor do molho, os lugares à mesa, ou coisa assim. Começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.
- Você não liga para mim! - gritou o marido. - Só pensa em você, em roupas e jóias. Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa insuspeitada.
- Muito bem - disse ela baixinho - quero mesmo ir embora. Mas devemos ficar juntos esta noite e receber nossos amigos, para salvar as aparências.
A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e fartura que a riqueza permitia. Alta madrugada, os convidados se retiraram e o marido adormeceu. Ela então fez com que o levassem à casa dos pais dela e o pusessem na cama.
Quando ele acordou na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta , a mulher acercou-se da cama.
- Querido marido - disse ela - você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar o bem mais precioso que tivesse no momento. Você é o que tenho de mais precioso. Quero você mais do que tudo na vida, e só a morte poderá nos separar.
Nesse momento, ele viu o quanto ambos tinham sido egoístas. Tomou a esposa nos braços e beijaram-se ternamente. No mesmo dia voltaram para casa, mais apaixonados do que nunca.

O camundongo medroso


Era uma vez um camundonguinho cinzento. Ele morava na mesma casa que uma velha gata cinza, e morria de medo dela.
- Eu seria tão feliz, se não fosse por essa gata velha! - dizia. - Fico com medo dela o tempo todo. Bem que eu queria ser um gato.
Uma fada escutou o camundongo, ficou com pena e transformou-o num gato cinza.
No início, ele estava muito feliz. Mas, um dia, um cachorro saiu correndo atrás dele.
- Puxa vida! - disse. - Não é tão divertido assim ser um gato. Fico com medo dos cachorros o tempo todo. Bem que eu queria ser um cachorro grande.
Novamente, a fada ouviu-o. Ficou com pena do gato cinza e transformou-o num cachorro grande.
E ele ficou feliz de novo. Mas, um dia, ouviu um leão rugindo.
- Ai, escutem só esse leão! - exclamou. - Fico com medo só de ouvir. É, não é lá tão seguro ser cachorro, afinal. Como eu queria ser um leão. Acho que eu não ia ter medo de nada.
E correu para a fada.
- Querida fada - disse - , por favor, me transforme num leão grande, forte!
E mais uma vez a fada ficou com pena e transformou-o num leão grande e forte.
Um dia , um homem tentou matar o leão. E outra vez ele foi correndo até a fada.
- O que é, agora? - perguntou a fada.
- Por favor me transforme em um homem, querida fada - gemeu. - Aí, não vou ter medo de ninguém.
- Você virar homem!? - gritou a fada. - Não; realmente não posso. Um homem deve ter um coração corajoso, e você tem coração de camundongo. Por isso, vai se tornar um camundongo de novo e ficar assim para sempre.
E, assim dizendo, transformou-o de novo num pequeno camundongo cinzento, e ele saiu correndo de volta a sua velha casa.

O cão raivoso


Um cachorro costumava atacar sorrateiramente e morder os calcanhares de quem encontrasse pela frente.
Seu dono então pendurou um sino em seu pescoço, assim ele alertava as pessoas de sua presença onde quer que estivesse.
O cachorro cresceu orgulhoso, e vaidoso do seu sino, caminhava tilintando-o pela rua.
Um velho cão de caça então lhe disse:
- Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega não é, acredite, nenhuma honra ao mérito, mas, ao contrário uma marca de desonra, um aviso público para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso.
Notoriedade não é fama.

O carneirinho perdido



 A mãe ovelha amava seu carneirinho da mesma forma que sua mãe amava você.
Era um filhote pequenino, de perninhas finas e com muito pouca lã ainda. Passava a noite no ovil, dormindo aconchegado no calor da lã de sua mãe.
Passava o dia mordiscando a relva, bebendo a água do córrego e brincando na pradaria.
- Cuide do meu carneirinho - a mãe ovelha tentou dizer ao pastor do rebanho. - Ele é muito pequenininho e frágil para cuidar de si.
O pastor compreendeu, e tratou de observar com atenção o carneirinho, embora houvesse cem ovelhas no rebanho.
Tratava-se de um bom pastor, ou não teria conseguido cuidar de todos. Todas as manhãs abria o portão do ovil e o rebanho saía. Ele então conduzia os animais a um pasto verde na encosta de um morro e ali passava o dia tomando conta. Havia lobos nas montanhas das redondezas, à espera de uma chance para pegar os carneirinhos. O pastor mantinha os lobos afastados.
Quando o sol começava a descer por trás do morro, o pastor conduzia o rebanho de volta para o ovil. E antes de fechar o portão, sempre contava suas ovelhas para ver se havia cem.
As tempestades em lugares altos assim são muito terríveis. Um dia houve uma tempestade, com vento, chuva fria e raios no céu. A ovelha mãe ficou assustada demais, sem saber para onde ir. Seguiu as outras ovelhas, que se abalroavam e quase esmagavam ao descer correndo a encosta. Mas o pastor as conduziu com tranqüilidade, indicando o caminho com o cajado. Chamava cada um pelo nome que lhes dera. Ia na frente para evitar que a tormenta as espantasse de volta antes de se sentirem seguras, pois já se avistava o ovil.
Ao atravessarem o portão, uma por uma, ele as contou.
Só havia noventa e nove.
Então o pastor olhou nos olhos suplicantes da mãe ovelha. Ela estava tentando dizer que seu filhote se perdera na tempestade.
Se não fosse um bom pastor, ele poderia pensar que um carneirinho daqueles não seria uma grande perda. Mas pensou apenas no frio que estaria sentindo o bichinho com tão pouca lã, no meio da tempestade. E lembrou-se de que, além da tormenta, escutara o uivo dos lobos.
Pois o bom pastor saiu no vento e na chuva para encontrar o carneirinho.
Já estava tão escuro que ele mal podia enxergar. O vento estava frio, a chuva encharcava seu manto e as pedras cortavam-lhe os pés. Qualquer outro pastor teria desistido. Mas o bom pastor via, através da tempestade, os olhos sofridos da ovelha mãe do carneirinho. E prosseguiu até encontrar o carneirinho perdido, deitado, com medo e com frio, à beira da estrada.
O pastor pegou o carneirinho nos braços. O animalzinho estava com frio para voltar andando. Levou-o para casa no colo, com o mesmo cuidado que sua mãe tinha por você quando bebê. Ficou muito feliz ao chegar ao ovil e poder devolvê-lo à mãe. Convidou os vizinhos a virem partilhar de sua alegria, pois nem um carneiro se quer havia se extraviado do rebanho.
Os vizinhos estranharam um pouco a alegria do pastor.
- Noventa e nove é quase cem - disseram. - Que diferença faria um carneirinho num rebanho tão grande?
O bom pastor sabia. O carneirinho que se perdeu era um dentre os seus, e ele os amava a todos.

Homem suficiente para o trabalho


Este incidente se passou durante a primeira guerra americana, quando um oficial mandou seus soldados cortarem algumas árvores para fazerem uma ponte. Não havia homens suficientes, e o trabalho progredia muito lentamente. Um homem de aparência imponente, que estava passando a cavalo, falou com o oficial responsável quando este dava ordens aos subordinados, mas ele mesmo não fazia nada.
Você não tem homens suficientes para o trabalho, não é?
Não, senhor. Precisamos de ajuda.
Por que você mesmo não põe mãos à obra? - perguntou o homem no cavalo.
Eu, senhor? Por quê? Sou um cabo - respondeu o oficial, aparentemente ofendido com a sugestão.
Ah, é verdade - respondeu o outro calmamente e, descendo do cavalo, pôs-se a trabalhar com os homens até estar concluído o serviço. Depois, montou novamente e, enquanto saía, falou para o oficial: - Cabo, da próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao comandante superior, e eu tornarei a vir.
Este era o general Washington.

O carro


Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. Sua notas e comportamento eram uma decepção para seus pais que, como bons cristãos, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido. Um belo dia, o bom pai lhe propôs um acordo: se você, meu filho, mudar o comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir ser aprovado no vestibular para a Faculdade de Medicina, lhe darei então um carro de presente.
       Por causa do carro, o rapaz mudou da água para o vinho. Passou a estudar como nunca e a ter um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação. Sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas do interesse em obter o automóvel. Isso era mau!
       O rapaz seguia os estudos e aguardava o resultado de seus esforços. Assim, o grande dia chegou! fora aprovado para o curso de Medicina. Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa de presente. Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Para sua surpresa era uma Bíblia. O rapaz ficou visivelmente decepcionado e nada disse. A partir daquele dia, o silêncio e distância separavam pai e filho. O jovem se sentia traído e, agora, lutava para ser independente. Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da Universidade. Raramente mandava notícias à família. O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e se esqueceu completamente do pai. Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão. Até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu e não resistiu. Faleceu.
       No enterro, a mãe entregou ao filho, indiferente, a Bíblia que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás. De volta à sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai, quando colocou o livro numa estante, notou que havia um envelope dentro dele. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque. A carta dizia: "Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para que você escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: A Bíblia Sagrada. Nela aprenderás o Amor a Deus e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência".
       Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto. Como é triste a vida dos que não sabem perdoar. Isso leva a erros terríveis e a um fim ainda pior. Antes que seja tarde, perdoe aquele a quem você pensa ter lhe feito mal. Talvez se olhar com cuidado, verá que há também um "cheque escondido" em todas as adversidades da vida.

O carvalho e os juncos


Um grande carvalho foi arrancado do chão pela ventania, e arrastado por forte correnteza. Então dentro da água ele se viu no meio de alguns Juncos, e assim lhes falou:
- Gostaria de ser como vocês, que de tão esguios e frágeis, não são completamente afetados por estes fortes ventos.
Eles responderam:
- Você lutou e competiu com o vento, e consequentemente foi destruído; enquanto que nós ao contrário nos curvamos diante do menor sopro de ar, e por esta razão permanecemos inteiros, e a salvo.
Curve-se para poder vencer.

O galo e a pedra preciosa


Um Galo que procurava no terreiro alimento para ele e suas galinhas encontrou uma pedra preciosa de grande beleza e valor, ao que exclamou:
- Se seu dono tivesse te encontrado ao invés de mim, ele com certeza iria dançar e pular de alegria e também decerto iria te louvar; no entanto eu te achei e de nada me serves.
Teria preferido achar um simples grão de milho que todas as jóias do MUNDO!

O gato professor


 Numa montanha se escondia um tigre de patas pesadas e lentas, que não podia andar nem saltar com agilidade. Tinha força, mas essa de pouco lhe valia porque raramente conseguia agarrar a presa que cobiçava.
      Um belo dia, quando o tigre saía da sua gruta à procura de alimentos, cruzou com um gatinho que vinha pulando e saltando alegremente. Os movimentos flexíveis e a agilidade do gatinho despertaram a inveja no tigre, que pensou consigo mesmo: "Que bom se eu pudesse ser ágil assim". Então, em tom suplicante, dirigiu-se ao gatinho:
       - Mestre Gato, pode ensinar-me a arte de passar ligeiro por montes e vales, saltando como você?
      O gatinho bem sabia que o tigre era bicho de maus bofes. Pensou que ensinando-lhe a sua arte poderia colocar em perigo a própria vida. Então respondeu, cautelosamente:
       - Não digo que não, mas tenho medo de que quando você souber correr e saltar como eu, você se mostre ingrato.
      O tigre fez uma vênia profunda e disse:
       - Mestre Gato, se você se dignar a tomar-me como aluno, prometo que jamais serei ingrato. Se alguém o ofender, juro que darei minha própria vida para defendê-lo.
      Juramento é coisa séria. O gatinho acreditou nas palavras hipócritas da fera e, com pena da sua lentidão, aceitou o tigre como aluno.Um aluno tão aplicado que não demorou muito para o gatinho ensinar ao tigre tudo o que sabia, faltando só uma aula.
      No dia dessa última aula, o tigre estava tão animado, pensando que logo poderia agarrar e devorar o seu rechonchudo e apetitoso professor, que ficou com a boca cheia d'água. Mas o gatinho, que já ia ensinar o seu último truque ao tigre, percebeu que o seu aluno o olhava com olhos cobiçosos, literalmente babando de apetite. E quando o tigre lhe perguntou, querendo certificar-se, se o mestre Gato já lhe ensinara tudo o que sabia, o gatinho disse:
       - Sim, naturalmente. Ensinei-lhe tudo, tudinho.
      Mas ficou bem atento. Aí o tigre, querendo ser astuto, falou, para desviar a atenção do professor:
       - Mestre Gato, olhe atrás de você quem está subindo naquela árvore!
      E assim que o gatinho se voltou, o tigre escancarou a bocarra, arreganhou os dentes e deu um pulo para a frente. Mas o gatinho, que já pressentia a traição, foi mais esperto: rápido como um raio, de um salto só, ele trepou na árvore e, do alto de um galho, fora do alcance do tigre, olhou severo para o seu aluno e gritou, indignado:
       - Fera ingrata! É assim que você honra o seu juramento? Por sorte eu não lhe ensinei como trepar nas árvores, senão já lhe estaria servindo de sobremesa.
       - Você não me ensinou tudo, gato danado! - rosnou o tigre, lançando-se furioso contra a árvore, sem poder escalá-la e mordendo sua casca sem resultado.
      Mas o gatinho, saltando de galho em galho e de árvore em árvore, só parava de vez em quando para acariciar os bigodes e olhar zombeteiramente para o tigre. Este urrava de frustração e raiva impotente, vendo-se logrado pelo esperto gatinho, que saltou ágil e alegre até sumir de vista.

O gnomo Jacinto


Em algum ponto da floresta, o pequeno gnomo Jacinto chorava enquanto conversava com o sábio Gnomo-mestre...
— Quando lembro de tudo o que já me aconteceu sinto o chão me faltar. Fico tonto, sabe? Por que será que sofro tanto? Será que, por algum motivo, a Fada da Sorte escolheu caminhos distantes dos meus? Será que todos os contratempos a mim destinados resolveram acontecer de uma só vez? Mestre, já não suporto viver assim...
O Gnomo-mestre, que reunia folhas numa pequena cabaça, olhou para o aprendiz e disse:
— Meu pequeno Jacinto, percebes o que acontece com as lágrimas que derramas?
— Como assim? Senhor, eu não compreendo o que dizes.
Apontando para algumas áreas da mata, o velho e experiente gnomo respondeu:
— Olha com atenção. Por todo o caminho espalham-se flores justamente nos lugares onde tens vertido teu pranto. Tuas lágrimas mágicas têm feito brotar lírios, papoulas e perfumadas alfazemas nos lugares onde caem.
Jacinto olhou ao redor e falou demonstrando admiração e um certo aborrecimento:
— Mas então... quer dizer que o meu destino é sofrer para fazer a floresta se encher de cor e perfume? É preciso que meu coração morra aos poucos para a Natureza se encher de vida? Isso não é justo!
Com toda a tranquilidade, o Gnomo-mestre respondeu:
— Os olhos vêem o que querem ver. O coração sente o que quer sentir. Então é essa a interpretação que fazes? Se o teu sofrer, meu pequeno, faz brotarem as flores mais belas, o que poderia então surgir do teu sorriso luminoso? Se transformas o verde da floresta num tapete multicolorido quando choras, o que poderia acontecer no momento em que espalhasses a alegria? Não será esse o momento de mudar a semente que espalhas? Percebes o poder que tens nas mãos? A dor cumpre o seu papel e tem sua razão de ser. Sim, deve ser vista. Mas os olhos não podem se fixar nela por muito tempo, senão perdem a chance de ver o crescimento que ela própria fez acontecer.
As orelhas do gnomo Jacinto se movimentavam enquanto recebiam as preciosas orientações do sábio, como se não quisessem deixar escapar uma única palavra. Seus olhos, agora mais atentos, notaram que uma luz começava a brilhar em seu peito. Teve vontade de sorrir mas estava difícil, uma vez que sua boca tinha perdido esse hábito. Portanto fez um esforço e logo, logo, seus dentes estavam à mostra. Foi aí que algo incrível aconteceu: quanto mais ele ria mais crescia. Crescia e crescia. Quem jamais poderia imaginar que Jacinto era um gigante? Aquele pequeno gnomo era agora um gigante grandalhão e sorridente. Ele continuou rindo e sua risada ecoava nas montanhas e se transformava em música; música mágica que curava os passarinhos feridos e as plantinhas doentes.
De uma hora para outra a floresta era só brilho e festa.
Jacinto procurou o Gnomo-mestre para agradecer, mas não conseguia mais enxergá-lo. E foi aí então que, fechando os olhos, ouviu uma voz que dizia:
"— Há e sempre haverá uma forma mais doce de viver. O sofrimento, no momento em que é percebido como sofrimento, já está no ponto derradeiro da sua função e precisa ser substituído por uma outra semente. Agradeça às lágrimas do passado e diga-lhes adeus. O momento agora é de focalizar os sorrisos do futuro. Há e sempre haverá uma forma mais doce de viver."

A carpa, o tubarão e o golfinho


Declarações que a carpa, o tubarão e o golfinho fazem para si mesmo:
  • "Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude dessa crença, não espero jamais fazer ou ter o suficiente. Assim, se não posso escapar do aprendizado e da responsabilidade permanecendo longe deles, eu geralmente me sacrifico."
  • "Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros. Primeiro, tento vencê-los; se não consigo, procuro juntar-me a eles."
  • "Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Assim como acredito que posso ter qualquer uma dessas duas coisas - é esta a nossa escolha - e que podemos aprender a tirar o melhor proveito de nossa força e utilizar nossos recursos de um modo elegante, os elementos fundamentais do modo como crio o meu mundo são a flexibilidade e a capacidade de fazer mais com menos recursos."

O hábito


Não adianta possuir um grande reservatório de máximas ou possuir muito bons sentimentos, enquanto não se aproveita todas as oportunidades concretas de AGIR, não ocorre nenhuma alteração para melhor no caráter.
De meras boas intenções, o inferno está proverbialmente atulhado. Isso é conseqüência óbvia dos princípios que estabelecemos.
Um "caráter", como diz J.S. Mill, "é uma vontade completamente moldada"; e uma vontade, no sentido a que ele se refere, é um agregado de tendências a agir de modo firme, direto e definitivo em todas as principais emergências da vida. Uma tendência a AGIR torna-se efetivamente arraigada em nós apenas em proporção à freqüência ininterrupta com a qual as ações realmente ocorrem; o cérebro se "molda" a sua execução.
Cada vez que uma resolução ou um claro fulgor de sentimento se evaporam sem gerar nenhum fruto de ordem prática, é pior que simplesmente perder uma chance: o que advém é uma obstrução definitiva do caminho habitual de descarga das futuras resoluções e emoções.
Não há caráter humano mais desprezível do que o débil sentimentalista e sonhador, que passa a vida num mar encapelado de sensibilidade e emoção, mas que nunca executa uma valorosa ação concreta.
Não são apenas linhas particulares de descarga, mas também suas formas gerais que são entalhadas no cérebro a partir do hábito. Por exemplo, se deixamos nossas emoções se evaporarem, elas se acostumam a evaporar; assim, as razões para supor que se nos equivocarmos com freqüência de fazer um dado esforço, antes que o percebamos a capacidade de fazer esse esforço terá desaparecido. E se nos sujeitarmos a deixar vaguear a atenção, ela ficará dispersa o tempo todo. Atenção e esforço são ... apenas dois nomes para o mesmo fato psíquico.
A que processos cerebrais correspondem não sabemos. A razão mais forte para se crer que dependem de alguma forma, dos processos cerebrais, e não são meros atos do espírito, é apenas esse fato - em certo grau, parecem sujeitos a lei do hábito que é uma lei material.
Uma máxima prática conclusiva relativas aos hábitos da vontade, que podemos então aqui oferecer seria: mantenha viva a faculdade do esforço através de algum exercício gratuito, todos os dias. Isto é, seja sistematicamente ascético ou heróico em pequenos aspectos irrelevantes; cada dia, ou em dias alternados, faça algo pelo simples motivo de que você preferiria não o fazer.
Assim, quando se aproximarem épocas de tenebrosas exigências, você não será surpreendido, fragilizado ou destreinado para enfrentar a prova. Esse tipo de ascetismo, é como um seguro que se paga pela casa e pelos bens. Não é bom pagar a mensalidade, que talvez nunca lhe dê retorno algum. Mas se o incêndio realmente ocorrer, aqueles pequenos esforços o salvarão da ruína.
O mesmo acontece com quem se disciplina diariamente com hábitos de atenção concentrada, vontade enérgica e autonegação de coisas desnecessárias. Permanece firme como uma torre, enquanto todo o resto se abala, e os seus companheiros mortais mais frágeis voam como farelos na ventania.

O homem que comia nabos no jantar


Na Roma antiga, vivia um cônsul chamado Manius Curius. Em tempos de guerra, era um general incomparável, e um grande estadista em períodos de paz. Mesmo assim, morava numa pequena cabana. Sua comida e suas roupas eram simples, seus pertences eram poucos, e suas necessidades eram mínimas.
Sua honra brilhava como uma das jóias mais ricas.
Uma vez os semitas, inimigos de Roma, estavam planejando uma guerra. Secretamente, enviaram embaixadores para convencerem Manius Curius a manter distância do exército romano.
Os embaixadores o encontraram em sua cabana, sentado à lareira, descascando nabos para o jantar. Eles depositaram ouro aos seus pés na esperança de persuadi-lo.
Manius Curius sorriu ao ver a oferenda.
- Vocês acham que um homem satisfeito em comer nabos no jantar tem alguma necessidade de ouro? - perguntou. - Acho que seria melhor conquistar os semitas do que aceitar seu suborno.
Os embaixadores partiram com ar de tolos.
E durante muitos anos os romanos apontavam para a pequena cabana e diziam:
- Esta cabana pertenceu ao cônsul que comia nabos no jantar.

As quatro questões de Allen


Para ter sucesso verdadeiro, faça quatro perguntas para si mesmo: Por que? Por que não? Por que não eu? Por que não agora? - James Allen (1864 - 1912)
Por que...? Encontre a razão mais profunda e verdadeira para algo, e essa razão manterá você vivo em um mundo de sonâmbulos. Entenda as razões e os motivos verdadeiros, antes de tomar uma decisão. Pergunte-se todo o tempo: "por que devo fazer essa coisa, e não aquela? " Entenda o que se passa dentro de você. Entenda os motivos mais profundos pelos quais algo deve ser feito em sua empresa ou departamento, em sua comunidade, sua equipe ou família. Por que...? Enquanto você não tiver esclarecido isso para si próprio, as razões sempre serão frágeis e você poderá ser derrubado, ou derrubada, muito facilmente. Por que quero me casar com ela? Por que quero mudar de carreira? Por que temos que mudar este produto? Por que quero este diploma? Enfim, encontre uma razão e apegue-se a ela.
Por que não? O que impede você de fazer isso? Na maioria das vezes, demoramos demais para fazer algo, simplesmente porque novas ideias fazem a gente assumir que, se não foi feito antes, provavelmente não deve ser feito. Será? Procure os motivos para não fazer algo. Muitas vezes, você vai descobrir que não existe motivo real algum para não fazer isso. Então... por que não? Pense, e responda: Por que não romper? Por que não fundar essa empresa? Por que não escrever este livro? Por que não ter filhos? Por que não procurar outro emprego? Por que não fazer este curso? Por que não dar aquele telefonema? Por que não arriscar? Pergunte-se sempre: Por que não?
Por que não eu? Se alguém tem que fazer algo, você pode ser este alguém. Inúmeras vezes, encontramos a razão para que algo seja feito e, ao perguntarmos "por que não?", vemos que nada impede que seja feito. A próxima pergunta lógica: por que não eu? Sim, talvez você seja exatamente a pessoa que deva começar isso. Alguém tem que escrever este livro: por que não você? Alguém tem que propor este produto: por que não você? Alguém que que defender esta ideia na Câmara ou no Senado: por que não você? Alguém tem que reconciliar a família: por que não você? Alguém tem que dar o primeiro passo: por que não você?
Por que não agora? As vezes, o melhor momento para começar algo é... Imediatamente. Se algo tem que ser feito, se não há razão sólida para que este algo não seja feito e se você mesmo pode fazer isso, então vem a última pergunta: Por que não fazer isso agora? Tantas vezes na vida, nós passamos pelas primeiras três perguntas e, então, fazemos de conta que somos eternos... Que podemos fazer aquilo em algum momento no futuro, quando... tivermos o diploma... os filhos tiverem crescido... a aposentadoria chegar... P A R E. Isso é apenas uma armadilha do lado temeroso de sua mente. Não espere o dia perfeito. O dia perfeito é hoje. Se não hoje... quando?
Siga o conselho de James Allen: "Para ter sucesso verdadeiro, faça quatro perguntas para si mesmo:
Por que? Por que não? Por que não eu? Por que não agora?

O papel e a tinta


Certo dia, uma folha de papel que estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela, viu-se coberta de sinais. Uma pena, molhada de tinta preta, havia escrito uma porção de palavras em toda a folha.
— Será que você não podia ter me poupado desta humilhação? - disse a folha de papel, furiosa, para a tinta.
— Espere!, respondeu a tinta. Eu não estraguei você. Eu cobri você de palavras. Agora você não é mais uma folha de papel, mas sim uma mensagem. Você é a guardiã do pensamento humano. Você se transformou num documento precioso.
Pouco depois, alguém foi arrumar a mesa e apanhou as folhas de papel para jogá-las na lareira. Subitamente, reparou na folha escrita com tinta. Então, jogou fora todas as outras, e guardou apenas a que continha uma mensagem.

Como uma folha


Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, ficava com raiva na menor provocação.
Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes me sentia envergonhado e me esforçava por consolar a quem tinha magoado.
Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas depois de uma explosão de raiva, me entregou uma folha de papel lisa e me disse: - amasse-a!
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.
- Agora - voltou a dizer-me - deixe-a como estava antes.
É óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel ficou cheio de pregas. Então, disse-me o professor:
- O coração das pessoas é como esse papel... a impressão que neles deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sinto vontade de estourar, lembro da folha de papel amassada.

domingo, 5 de agosto de 2012

A orquídea branca


A mulher ganhou de presente um vaso com uma linda orquídea branca. Ficou tão encantada que colocou a planta em um xaxim na árvore mais bonita do jardim... A planta criou raízes que se prenderam na árvore... e a flor... no tempo certo... morreu. Passou um tempo e a mulher se esqueceu da orquídea que acabou se misturando às muitas plantas do jardim...
Muito tempo depois quando passeava distraída pelo jardim ela viu a linda flor branca... Com uma exclamação de alegria se aproximou da linda orquídea que nasceu sem ser esperada... A mulher ficou de novo tão encantada que quis preservar ao máximo aquela flor tão preciosa, da chuva... do sol...
Enquanto admirava a sua beleza ia pensando em uma forma de protegê-la para que ela ficasse o maior tempo possível enfeitando o jardim, sem sofrer nenhum dano nas aveludadas pétalas brancas...
Colocou então um plástico branco esticado sobre a planta... que protegia completamente a orquídea. Mas... também escondia a sua beleza... Quem passasse por ali, com certeza, veria a proteção, que chamava a atenção porque destoava do que era a natureza... mas não via a orquídea... a menos que tivesse um olhar bem atento e sensível para o que estava além...
A orquídea até se sentiu feliz e orgulhosa... quando se viu tratada de forma tão especial, ao contrário das muitas flores que estavam espalhadas no jardim... e na primeira chuva que veio se sentiu protegida e confortável quando os grossos pingos não chegavam a tocar as suas delicadas pétalas... Ali de cima ela podia ver algumas flores perdendo uma pétala aqui, outra ali, e se curvando ao sabor das águas e do vento forte. E quando veio o sol a orquídea também não pôde sentir na pele das pétalas o calor, porque aquela proteção impedia que o sol a atingisse em cheio... como fazia com as outras flores do jardim. Ela estava protegida, com certeza estava. Mas não estava feliz...
Olhando as outras flores, ao sabor da chuva, do sol, podia ver um brilho especial nas pétalas e um viço diferente, e mesmo aquelas que perdiam algumas pétalas quando a água vinha mais forte, pareciam felizes, muito felizes, e exalavam vida, além de perfume.
A orquídea, mesmo linda, parecia pálida e sem vida... e se sentia assim. E as chuvas foram caindo, o sol foi brilhando, as flores nasciam e morriam. E a orquídea enfeitava o jardim, intacta e bela, Mas, triste, muito triste. Ela percebeu que o seu tempo estava passando, e isso deu-lhe uma profunda tristeza por não poder ter vivido a chuva, o sol. Nunca pôde sentir a alegria incontida que percebia nas outras flores quando em contato com as forças da natureza. Aquele plástico que protegia, sufocava mais que tudo. E o tempo que ela ganhou com esta proteção acabou se tornando tristeza.
E foi a lua, que também não tinha conseguido tocar diretamente as suas pétalas, que entendeu o sofrimento da orquídea, e sentiu uma profunda compaixão pela linda flor. Num ato de amor, lançou um raio de luar tão intenso que desintegrou completamente o plástico que protegia a orquídea, que se rendeu feliz à lua, ao sol, à chuva, à vida, intensamente, até seu último e derradeiro instante, colorido e encantado por gotas d'água, filtradas pelo sol em cores de arco íris.
Muitas vezes, os escudos que usamos para proteger, impedem de viver o melhor da vida e escondem o que tem de mais bonito.

Brincar também é importante


Perdoai-me, Senhor, por todas as tarefas que hoje ficaram por fazer. Mas, de manhã, quando meu filho, com seus passinhos incertos, entrou no quarto e pediu: "Mamãe, quer brincar comigo?", eu simplesmente tive de dizer sim.
E entre os quebra-cabeças e caminhões, cubos de madeira e bonecos, velhos chapéus, livros e risadas, dividimos mil pensamentos especiais, centenas de esperanças, sonhos e muitos abraços. E quando à noite, na hora de rezar, ele juntou as mãozinhas e falou baixinho: "Obrigado, Deus, por mamãe e papai, pelos meus brinquedos, pelo cachorro-quente, pelo sorvete de chocolate e por mamãe brincar comigo", eu sabia que tinha sido um dia bem gasto.
E tinha certeza de que o Senhor entenderia.

O espelho


Era uma vez, um homem que só via e realçava o mal em tudo o que fazia.
Um dia ele morreu e "partiu dessa para uma melhor".
Só que do lado de lá havia um companheiro que não largava do seu pé, e o acompanhava o tempo todo.
Era um verdadeiro "mala": egoísta, pessimista, mal-humorado, critiqueiro, mal-agradecido, e que só sentia-se bem quando estava mal.
O homem, não o suportando mais, foi a um anjo e implorou:
"Por favor, livra-me da companhia daquele sujeito, eu já não agüento mais..."
O anjo, entre admirado e compadecido, respondeu:
"Mas não há nenhum companheiro. Aqui só existe um sistema de espelhismo, que faz com que cada um veja e conviva com o que formou de si mesmo.
Depende somente de você libertar-se dele."

O combustível da Autoconfiança


Desarrumada e mal vestida, a menina negra, magra pela fome e não pela anorexia, desceu o morro carioca para tentar a sorte no programa de calouros de Ary Barroso. Era o momento áureo do rádio que, dos anos de 1930 a 1950, revelou grandes nomes da MPB.
Na fila de inscrições estavam lindas jovens bem vestidas e a menina favelada olhava para elas sem qualquer medo. Tinha apenas treze anos e já era mãe. Seu bebê estava doente e ela precisava fazer algo para conseguir algum dinheiro. No corredor os calouros aguardavam o chamado e em seguida entravam trêmulos.
- Elza Gomes da Conceição, sua vez! Após ouvir seu nome, a menina cruzou a porta do estúdio. Cerca de mil pessoas a aguardavam. O programa era o maior sucesso na época e no palco estava o grande Ary Barroso, autor de “Aquarela do Brasil”, pois ele próprio acompanhava os calouros ao piano.
Ao ver a menina com no máximo 35 quilos, subindo ao palco completamente desengonçada, usando uma roupa emprestada e ajustada com alfinetes para conter as sobras de pano, duas marias-chiquinhas, a platéia explodiu na risada.
O apresentador do programa arrumou os óculos e disse, friamente:
- Aproxime-se.
Ela ignorou as gargalhadas e foi até ele.
- O que você veio fazer aqui? – perguntou intrigado.
- Ué, eu vim cantar. – disse ela com o ar mais inocente desse mundo.
- Mas quem disse a você que você canta? 
- Eu! – falou com voz firme.
- Diga-me uma coisa: de que planeta você veio? – questionou de forma ácida.
Ela respirou fundo e lhe respondeu:
- Eu vim do planeta-fome, seu Ary. Do mesmo planeta de onde o senhor veio.
Nesse momento o auditório se calou. Ali estava uma adolescente cheia de bravura, desafiando o grande ícone da música brasileira, lembrando que ele próprio também tivera um berço pobre e que havia passado por dificuldades acerbas como as que ela no momento passava.
Silencioso, Ary apontou para ela o microfone e deslizou seus dedos no teclado em seguida.
A menina então começou a cantar com a voz afinada e ao mesmo tempo arranhada, rouca, única, apresentando efeitos que ninguém jamais tinha ouvido.
No final, o mesmo público que riu tanto dela em sua chegada vibrou de emoção e encheu o estúdio de palmas. Ela as recebeu chorando, abraçada com Ary que, igualmente muito emocionado, disse:
- Senhoras e senhores, nesse exato momento acaba de nascer uma estrela.
Elza Soares, em seu livro “Cantando para não Enlouquecer”, narra sua história repleta de momentos de superação como esse.
Podemos nos perguntar: o que faz alguém como ela chegar à vitória, vencendo obstáculos tidos com intransponíveis, atravessando oceanos de dificuldades?
O que move uma alma na direção da excelência em qualquer área, fazendo com que até mesmo os maiores problemas se transformem numa espécie de combustível para vôos mais altos?
O que produz essa certeza de que não há porque recuar e que vale seguir adiante?
Resposta: Auto-confiança.
Ter convicção do nosso próprio potencial e sentir que é possível fazer algo valioso, com aquilo que já guardamos em nosso interior, é uma espécie de elemento mágico que promove a química do sucesso.
Pessoas que não acreditam em si mesmas acabam não deixando aflorar o imenso poder que já possuem.
Mas aqueles que têm convicção das suas habilidades e talentos e que, por outro lado, também são capazes de reconhecer seus pontos fracos, se colocam no caminho do crescimento. Ter auto-conhecimento para perceber aquilo que podemos melhorar não significa sentir-se pequeno, fraco, mas representa poder de percepção para melhorar continuamente.
Portanto, se confiamos em nós mesmos podemos ver, com tranqüilidade, aquilo que nos falta, ao mesmo tempo em que notamos aquilo que já possuímos de bom.
Esse duplo foco nos desperta uma grande energia na busca dos nossos propósitos.
Como dizia Henry Ford: “Se você acredita que pode ou se você acredita que não pode, de qualquer jeito estará certo”.
Estou convicto de que a história de Elza Soares, essa fantástica cantora da nossa terra, pode ser inspiradora para você.
Ela nos lembra o quanto podemos fazer diferença no mundo quando, diante das dificuldades, respiramos fundo, acessamos recursos latentes e seguimos firmemente na direção dos nossos sonhos.
Vou dizer algo para você e espero que lembre sempre disso. Duas palavras bem simples mas que expõe a minha crença de que você tem grande força interior, bem como o meu desejo de que mostre ao mundo seu potencial.
As palavras são: Você pode!

Comece consigo mesmo


As palavras a seguir foram escritas na tumba de um bispo anglicano (1100 d.C.), nas criptas da abadia de Westminster:
Quando era jovem e livre, e minha imaginação não tinha limites, eu sonhava em mudar o mundo. Quando fiquei mais velho e mais sábio, descobri que o mundo não mudaria, e assim reduzi um pouco os limites de meu ideal e decidi mudar apenas meu país.
Porém este, também, parecia imutável.
À medida que chegava ao crepúsculo, numa última e desesperada tentativa, procurei mudar apenas minha família, aqueles mais próximos a mim, mas, ai de mim, eles não mudaram.
E agora, deitado em meu leito de morte, subitamente percebo: se eu tivesse apenas mudado a mim mesmo primeiro, então, pelo exemplo, eu teria mudado minha família.
Com sua inspiração e estímulo, eu poderia ter melhorado meu país e, quem sabe até, ter mudado o mundo.