segunda-feira, 30 de julho de 2012

Você é uma maravilha


Cada segundo que vivemos é um momento novo e único do universo, um momento que nunca mais existirá...
E o que é que ensinamos aos nossos filhos? Ensinamos a eles que dois mais dois são quatro, e que Paris é a capital da França.
Quando ensinaremos a eles o que eles são?
Deveríamos dizer a cada um deles: Sabe o que você é? Você é uma maravilha. Você é único. Em todos os anos que se passaram, nunca houve outra criança como você. Suas pernas, seus braços, seus dedos inteligentes, a maneira como você se move.
Você pode se tornar um Shakespeare, um Michelangelo, um Beethoven. Você tem capacidade para qualquer coisa. Sim, você é uma maravilha. E quando crescer, como então poderá fazer mal a uma outra pessoa que, como você, é uma maravilha?
Você deve trabalhar - todos devemos - para tornar o mundo digno de suas crianças.

De maior valor


Um amigo meu, pai de duas filhas, admite que não se importa de amedrontar um pouco os rapazes. Suas filhas sentem-se constrangidas quando ele pede para ficar alguns momentos a sós com os namorados delas, e acham que seria melhor ele transmitir aos rapazes a idéia de que é um pai legal, não um pai mesquinho e protetor. Mas existem certas situações que merecem um tratamento meio desajeitado. Os rapazes podem pensar que esse tipo de pai é super protetor. Contudo, para os pais que têm filhas, isso não existe.
Outro amigo meu usa a analogia de um carro esportivo para expressar-se com mais precisão. Ele diz ao rapaz:
- Se eu tivesse um carro esportivo raro e caríssimo e lhe emprestasse para dar uma voltinha com ele, você tomaria muito cuidado, não é verdade?
- Oh, claro que sim, senhor.
- E você cuidaria melhor dele do que do seu, certo?
- Sim, senhor.
- Eu também não deveria imaginar que você sairia por aí cantando pneus, deveria?
- Não, senhor.
- Então, deixe-me dizer uma coisa, de homem para homem, para que as coisas fiquem bem claras. Para mim, minha filha tem um valor infinitamente maior que qualquer carro. Você entende aonde quero chegar? Eu a estou emprestando a você por algumas horas, e não gostaria de saber que ela foi tratada com menos cuidado ou respeito que recebe de mim. Sou responsável por ela. É minha filha. Eu estou confiando em você. E essa confiança não admite uma segunda chance. Entendeu?
A essa altura, o rapaz deve estar imaginando por que não escolheu outra garota para sair. Ele se limita a balançar a cabeça positivamente, incapaz de falar. Na maioria das vezes, leva a moça para casa antes do horário prometido. Talvez a filha se queixe da atitude do pai, mas, no fundo, sente-se amada e querida, e você pode ter certeza de que ela se casará com um homem que a tratará dessa maneira.

Mais, papai, mais...


Recentemente, uma mulher segurou meu braço após uma palestra que fiz a respeito da enorme necessidade que temos de auto-afirmação.
- Dr. Trent, posso contar-lhe minha história? – ela perguntou. – Na verdade, é uma história a respeito do que meu filho fez com minha neta e que ilustra o que foi dito aqui, a importância da auto-afirmação.
- Meu filho tem duas filhas – ela prosseguiu -, uma com cinco anos e outra com aquela "terrível" idade de dois anos.
Quando uma avó usa a palavra "terrível" para descrever um neto ou uma neta, podem acreditar, porque é verdade!
- Nesses últimos anos, meu filho tem levado a menina mais velha para passear com ele, mas só levou a mais nova recentemente. No primeiro passeio com ela, levou-a para tomar café da manhã em uma lanchonete.
Quando chegaram as panquecas, meu filho achou o momento seria propício para dizer à filha quanto ele a amava.
- Jenny – ele disse à filha – quero que você saiba quanto eu a amo e como você é especial para a mamãe e para mim. Oramos por você durante anos, e, agora que está aqui e se transformou em uma menina tão linda, estamos muito orgulhosos de você.
Depois de dizer isso, ele parou de falar e esticou o braço para pegar o garfo e começar a comer... mas não chegou a colocá-lo na boca. A menina pôs a mão sobre a do pai. Ele olhou para a filha e, com voz meiga e suplicante, ela disse:
- Mais, papai... mais.
Ele pousou o garfo na mesa, e prosseguiu, apresentando outros motivos que o levaram a amar tanto a filha, e, em seguida, fez menção de pegar o garfo novamente. Pela segunda vez... terceira vez... e quarta vez, ele ouviu as palavras.
- Mais, papai... mais.
Aquele pai quase não conseguiu saborear o desjejum naquela manhã, mas sua filha recebeu o sustento emocional de que tanto necessitava. Alguns dias depois, ela correu espontaneamente em direção à mãe e disse:
- Eu sou uma filha muito especial, mamãe. Foi o papai que disse.

O lado bom na desgraça


O laboratório de Thomas Edison foi totalmente destruído pelo fogo em dezembro de 1914. Apesar dos prejuízos ultrapassarem dois milhões de dólares, o prédio estava segurado em apenas 238 mil dólares, porque era de concreto, que se imaginava à prova de fogo. Muito do trabalho de Edison se foi com as chamas impressionantes daquela noite de dezembro.
No auge do fogo, o filho de Edison, Charles, um rapaz de vinte e quatro anos, procurava freneticamente pelo pai em meio à fumaça e aos destroços. Finalmente o achou, calmamente observando a cena, com ar de reflexão, seu cabelo branco ao vento.
"Meu coração doeu por ele", contou Charles. Era um homem de sessenta e sete anos que via tudo o que possuía se consumir nas chamas.
Quando me avistou, meu pai gritou:
"Charles, onde está sua mãe? Chame-a depressa e traga-a aqui, porque ela nunca mais terá a oportunidade de ver algo assim."
Na manhã seguinte, Edison, olhando para as ruínas, refletiu:
"Há um lado bom na desgraça. Todos os nossos erros são queimados. Graças a Deus, podemos recomeçar do zero."
Três semanas depois do incêndio, Edison inventou o fonógrafo.

Agenda do prazer


"É idosa, mas o seu rosto é tão calmo! As dificuldades não a pouparam, mas parece ser superior a todas as preocupações e a todos os aborrecimentos que são o quinhão das mulheres."
Assim falava uma pessoa que se impacientava facilmente. Perguntou à velha senhora o segredo da sua felicidade.
Com um sorriso luminoso, esta última respondeu-lhe:
- Cara amiga, tenho a minha Agenda do Prazer.
- O quê?
- A minha agenda do prazer. Há já muito tempo que aprendi isto: nenhum dia é assim tão triste que não tenha algum raio de luz, e comecei a escrever todas as pequenas coisas boas que me aconteciam.
Desde que saí da escola, mantive fielmente todos os anos a minha agenda em dia.
Contém muitos detalhes insignificantes: um vestido novo, uma conversa com uma amiga, uma atenção do meu marido, uma flor, um livro, um passeio de carro, um por do sol, a lua cheia, um bom almoço, tudo isto está na minha agenda e quando me sinto um pouco triste ou com o moral em baixa, releio algumas páginas para me rememorar que mulher feliz eu sou.
Mostro-lha, se isso lhe interessa.
A mulher descontente e entediada pegou na agenda que lhe estendia a amiga, e virou lentamente as páginas.
Num dia, líamos isto: "Recebi uma carta amorosa de minha mãe, vi um lindo lírio, brinquei com uma criança na rua, tomei chuva. Encontrei a jóia que pensava ter perdido. Encontrei uma jovem alegre e bonita. O meu marido trouxe-me rosas hoje à noite.Ouvi uma música que me encheu de alegria "
Fragmentos de leituras feitas durante o dia também figuravam na agenda, de tal maneira que esta última era uma mina de verdade e de beleza.
- Descobriu um prazer todos os dias para anotar? perguntou a amiga ansiosa.
- Sim, todos os dias; queria que a minha teoria se tornasse uma realidade, foi-lhe respondido com uma voz grave.
A outra continuou a virar as páginas e chegou a uma que continha estas palavras:
"Morreu segurando a minha mão na dele e o meu nome nos seus lábios."
............................................
Até a morte contém a sua parte de positivo.
Até os nossos desassossegos são mensageiros e professores, mas para isso é necessário saber descodificar as suas mensagens.
Será que você também tem uma Agenda do Prazer?
Mesmo que não tenha fisicamente uma, todas as noites, antes de adormecer, pense em todos aqueles prazeres da vida e faça um álbum mental de felicidade.

O auxílio mútuo


Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual defendendo-se como podia dos golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de inverno. Um deles olhou e clamou, irritado:
- Não perderei tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente.
- Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade - argüiu o outro.
- Não posso - disse o companheiro, endurecido - sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos ganhar a aldeia próxima sem perda de tempo.
E avançou para diante, em largas passadas. O viajante de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colocando-o paternalmente sobre o próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido. A chuva gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, segurando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava.
Com enorme surpresa, porém, não encontrou aí o colega que o precedera. Somente no dia seguinte, depois de minuciosa procura, foi encontrado o infeliz viajante, sem vida, à beira do caminho alagado. Seguindo à pressa e a sós, com a idéia egoísta de preservar-se, não resistiu à onda de frio e tombou encharcado, sem recursos para fazer face ao congelamento. Já o companheiro, recebendo em troca o calor da criança que sustentava junto ao próprio coração, superou os obstáculos da noite fria, guardando-se incólume de semelhante desastre.
Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo... Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.
Um homem sozinho é simplesmente um adorno da solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O asno, a raposa e o leão


O Asno e a Raposa tendo feito um acordo de proteção mútua, entraram na floresta em busca de alimento. Não foram muito longe, quando encontraram um Leão.
A Raposa, vendo o perigo iminente, aproximou-se do Leão, e propôs um acordo onde iria ajudá-lo a capturar o Asno, se este desse sua palavra de honra que ele próprio não seria molestado.
Diante do compromisso assumido pelo Leão, a Raposa atraiu o Asno a uma profunda gruta, e o convenceu a entrar lá dentro.
O Leão vendo que o Asno já estava assegurado, imediatamente agarrou a Raposa, e quando achou mais conveniente, atacou o Asno.

Nenhuma maestria cai do céu


Um certo mágico estava apresentando sua arte ao sultão e já tinha conquistado o entusiasmo da assistência. O próprio sultão estava profundamente admirado e exclamou: "Deus meu, acudi-me! Que milagre, que espanto!".
Mas seu vizir fê-lo parar para pensar ao dizer: "Vossa Alteza, nenhuma maestria cai do céu. A arte do mágico é resultado de seu esforço e sua prática."
O sultão franziu a testa. O comentário do vizir tinha estragado o prazer que estava sentindo ao contemplar os atos do mágico. "Ó, homem ingrato! Como podes pretender que tal habilidade seja fruto da prática? Pelo contrário, como eu afirmei, ou tens talento, ou não tens." Então olhou para o vizir com desprezo e gritou: "Tu não tens nenhum talento mesmo. Fora daqui! Para o calabouço! Lá poderás ponderar minhas palavras. E, para que não te sintas solitário, para que tenhas uma companhia da tua laia, compartilharás a cela com um bezerro."
Desde o primeiro dia de aprisionamento, o vizir começou a seguinte prática: carregar nos braços o bezerro e subir a longa escada do calabouço. Os meses passaram. O bezerro tornou-se um avantajado novilho e, com a prática diária, a força do vizir cresceu também grandemente.
Um dia, o sultão recordou do prisioneiro na masmorra. Mandou que o trouxessem a ele. Quando deitou os olhos sobre o vizir, foi dominado pelo espanto. "Deus meu, acudi-me! Que milagre, que espanto!"
O vizir carregando o novilho nos braços esticados, respondeu com as mesmas palavras que da outra vez: "Vossa Alteza, nenhuma maestria cai do céu. Em vossa misericórdia, concedeste-me esse animal. Minha força é resultado de meu esforço e minha prática."

Nasrudin visita a Índia


O célebre e contraditório personagem sufi Mulla Nasrudin visitou a Índia. Chegou a Calcutá e começou a passear por uma de suas movimentadas ruas. De repente viu um homem que estava vendendo o que Nasrudin acreditou que eram doces, ainda que na realidade fossem chiles apimentados. Nasrudin era muito guloso e comprou uma grande quantidade dos supostos doces, dispondo-se a dar-se um grande banquete. Estava muito contente, se sentou em um parque e começou a comer chiles a dentadas. Logo que mordeu o primeiro dos chiles sentiu fogo no paladar. Eram tão apimentados aqueles "doces" que ficou com a ponta do nariz vermelha e começou a soltar lágrimas até os pés. Não obstante, Nasrudin continuava levando os chiles à boca sem parar. Espirrava, chorava, fazia caretas de mal estar, mas seguia devorando os chiles. Assombrado, um passante se aproximou e disse-lhe:
-Amigo, não sabe que os chiles só se comem em pequenas quantidades?
Quase sem poder falar, Nasrudin comentou:
-Bom homem, creia-me, eu pensava que estava comprando doces.
Mas Nasrudin seguia comendo chiles. O passante disse:
-Bom, está bem, mas agora já sabes que não são doces. Por que segues comendo-os?
Entre tosses e soluços, Nasrudin disse:
-Já que investi neles meu dinheiro, não vou jogá-los fora.
 O Grande Mestre disse: Não sejas como Nasrudin. Toma o melhor para tua evolução interior e joga fora o desnecessário ou pernicioso, mesmo que tenhas investido muito dinheiro ou tempo neles.

Mudança de paradigma


       Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu em uma manhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas estavam calmamente sentadas, lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados. Era uma cena calma, tranqüila.
       Subitamente um homem entrou no vagão do metrô com os filhos. As crianças faziam algazarra e se comportavam mal, de modo que o clima mudou instantaneamente.
       O homem sentou-se a meu lado e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação. As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam coisas e chegavam até a puxar os jornais dos passageiros, incomodando a todos. Mesmo assim o homem a meu lado não fazia nada.
       Ficou impossível evitar a irritação. Eu não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as demais pessoas estavam irritadas também. A certa altura, enquanto ainda conseguia manter a calma e o controle, virei para ele e disse:
       – Senhor, seus filhos estão perturbando muitas pessoas. Será que não poderia dar um jeito neles?
       O homem olhou para mim, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e disse calmamente:
       – Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer alguma coisa. Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora. Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não conseguem lidar com isso.
       Podem imaginar o que senti naquele momento? Meu paradigma mudou. De repente, eu vi as coisas de um modo diferente, e como eu estava vendo as coisas de outro modo, eu pensavasentia e agia de um jeito diferente. Minha irritação desapareceu. Não precisava mais controlar minha atitude ou meu comportamento, meu coração ficou inundado com o sofrimento daquele homem. Os sentimentos de compaixão e solidariedade fluíram livremente.
       – Sua esposa acabou de morrer? Sinto Muito. Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar em alguma coisa? – Tudo mudou naquele momento.
       Muita gente passa por uma experiência fundamental similar de mudança no pensamento quando enfrenta uma crise séria, encarando suas prioridades sob nova luz. Isso também acontece quando as pessoas assumem repentinamente novos papéis, como marido, esposa, pai, avô, gerente ou líder.

Carpas, tubarões e golfinhos


         Uma brilhante metáfora criada por Dudley Lynch e Paul Kordis do Brain Technologies Institute - do tubarão, da carpa e do golfinho.
       Existem três tipos de animais: as carpas, os tubarões e os golfinhos. A carpa é dócil, passiva e que quando agredida não se afasta nem revida. Ela não luta mesmo quando provocada. Se considera uma vítima, conformada com seu destino.
       Alguém tem que se sacrificar, a carpa se sacrifica. Ela se sacrifica porque acredita que há escassez. Nesse caso, para parar de sofrer ela se sacrifica. Carpas são aquelas pessoas que numa negociação sempre cedem, sempre são os que recuam; em crises, se sacrificam por não poderem ver outros se sacrificarem. Jogam o perde-ganha, perdem para que o outro possa ganhar.
       Declaração que a carpa faz para si mesmo:
  • "Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude dessa crença, não espero jamais fazer ou ter o suficiente. Assim, se não posso escapar do aprendizado e da responsabilidade permanecendo longe deles, eu geralmente me sacrifico."
       Nesse mar existe outro tipo de animal: o tubarão. O tubarão é agressivo por natureza, agride mesmo quando não provocado. Ele também crê que vai faltar. Tem mais, ele acredita que, já que vai faltar, que falte para outro, não para ele!
       "Eu vou tomar de alguém!" O tubarão passa o tempo todo buscando vítimas para devorar porque ele acredita que podem faltar vítimas. Que vítimas são as preferidas dos tubarões? Acertou, as carpas. Tanto o tubarão como a carpa acabam viciados nos seus sistemas. Costumam agir de forma automática e irresistível. Os tubarões jogam o ganha-perde, eles tem que ganhar sempre, não se importando que o outro perca.
       Declaração que o tubarão faz para si mesmo:
  • "Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros.
    Primeiro, tento vencê-los; se não consigo, procuro juntar-me a eles."

       O terceiro tipo de animal: o golfinho. Os golfinhos são dóceis por natureza. Agora, quando atacados revidam e se um grupo de golfinhos encontra uma carpa sendo atacada eles defendem a carpa e atacam os seus agressores.
       Os "Verdadeiros" golfinhos são algumas das criaturas mais apreciadas das profundezas. Podemos suspeitar que eles sejam muito inteligentes - talvez, à sua própria maneira, mais inteligentes do que o Homo Sapiens. Seus cérebros, com certeza, são suficientemente grandes - cerca de 1,5 quilograma, um pouco maiores do que o cérebro humano médio - e o córtex associativo do golfinho, a parte do cérebro especializada no pensamento abstrato e conceitual, é maior do que o nosso. E é um cérebro, como rapidamente irão observar aqueles fervorosos entusiastas dedicados a fortalecer os vínculos entre a nossa espécie e a deles, que tem sido tão grande quanto o nosso, ou maior do que o nosso, durante pelo menos 30 milhões de anos.
       O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é legendário e, provavelmente, eles fizeram por merecer essa fama. Usando sua inteligência e sua astúcia, eles podem ser mortais para os tubarões. Matá-los a mordidas? Oh, não! Os golfinhos nadam em torno e martelam, nadam e martelam. Usando seus focinhos bulbosos como clavas, eles esmagam metodicamente a "caixa torácica" do tubarão até que a mortal criatura deslize impotente para o fundo.
       Todavia, mais do que por sua perícia no combate ao tubarão, escolhemos o golfinho para simbolizar as nossas idéias sobre como tomar decisões e como lidar com épocas de rápidas mudanças devido às habilidades naturais desse mamífero para pensar construtiva e criativamente. Os golfinhos pensam? Sem dúvida. Quando não conseguem o que querem, eles alteram os seus comportamentos com precisão e rapidez, algumas vezes de forma engenhosa, para buscar aquilo que desejam. Golfinhos procuram sempre o equilíbrio, jogam o ganha-ganha, procuram sempre encontrar soluções que atendam as necessidades de todos.
       Declaração que o golfinho faz para si mesmo:
  • "Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Assim como acredito que posso ter qualquer uma dessas duas coisas - é esta a nossa escolha - e que podemos aprender a tirar o melhor proveito de nossa força e utilizar nossos recursos de um modo elegante, os elementos fundamentais do modo como crio o meu mundo são a flexibilidade e a capacidade de fazer mais com menos recursos."
           Se os golfinhos podem fazer isso, por que não nós?
           Achamos que podemos.

O executivo e o pescador

“ Um executivo de férias na praia observava um pescador sobre uma pedra fisgando alguns peixes com equipamentos bastante rudimentares: linha de mão, anzol simples, chumbo e iscas naturais. 
O executivo chega perto e diz: 
- Bom dia, meu amigo, posso me sentar e observar? 
O pescador: 
- Tudo bem, doutor. 
O executivo: 
- Poderia lhe dar uma sugestão sobre a pesca? 
- Como assim? - Respondeu o pescador. 
- Se você me permite, eu não sou pescador, mas sou executivo de uma multinacional muito famosa e meu trabalho é melhorar a eficiência da fábrica, otimizando recursos, reduzindo preços, enfim, melhorando a qualidade dos nossos produtos. Sou um expert nessa área e fiz vários cursos no exterior sobre isto - disse o executivo, entusiasmado com sua profissão. 
- Pois não, doutor, o que qui o senhor qué sugeri? - Perguntou calmamente o pescador. 
- Olha, estive observando o que você faz. Você poderia ganhar dinheiro com isso. Vamos pensar juntos. Se você pudesse comprar uma vara de pescar com molinete, poderia arremessar sua isca para mais longe, assim pescaria peixes maiores, certo? Depois disso, você poderia treinar seu filho para fazer este trabalho para você. Quando ele se sentisse preparado, você poderia comprar um barco motorizado com uma boa rede para pescar uma quantidade maior e ainda vender para as cooperativas existentes nos grandes centros. Depois, você poderia comprar um caminhão para transportar os peixes diretamente, sem os intermediários, reduzindo sensivelmente o preço para o usuário final e aumentando também a sua margem de lucro. Além disso, você poderia ir para um grande centro para distribuir melhor o seu produto para os grandes supermercados e peixarias. Já pensou no dinheiro que poderia ganhar? Aí você poderia vir para cá como eu vim, descansar e curtir essa paz, este silêncio da praia, esta brisa gostosa... 
- Mas isso eu já tenho hoje! - respondeu o pescador, olhando fixamente para o mar.”

Maneiras de dizer as coisas...


        Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
       - Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
       - Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
       Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
       Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
       - Excelso senhor! Grande felicidade vos esta reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
       A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
       - Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.
       - Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer...
       Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
       Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta duvida. Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
       A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
       Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dize-la a nós mesmos diante do espelho.
       E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...

Lindas mãos


À beira de um riacho, algumas mocinhas conversavam, contando vantagens de suas lindas mãos. Uma delas mergulhou as mãos na água cintilante, e as gotas que caíam de suas palmas até pareciam diamantes.
- Olhem como minhas mãos são lindas! A água corre nelas como jóias preciosas - disse ela, levantando as mãos para as outras admirarem.
Eram muito macias e brancas, pois a única coisa que fazia com elas era lavá-las em água limpa e fria.
Outra mocinha correu para colher morangos e esmagou-os nas palmas das mãos. O suco escorreu pelos dedos como vinho pisado, até os dedos ficarem rosados como o céu ao sol nascente.
- Vejam que lindas mãos as minhas! O suco de morango escorre por elas como vinho - disse ela, levantando as mãos para as outras admirarem.
Eram muito rosadas e macias, pois a única coisa que fazia com elas era lavá-las com suco de morango todas as manhãs.
Outra mocinha colheu violetas e esmagou-as nas mãos, até ficarem muito perfumadas.
- Olhem que lindas as minhas mãos! São perfumadas como as violetas dos bosques da primavera - disse ela, levantando as mãos para que as outras admirassem.
Eram muito macias e brancas, pois a única coisa que fazia com elas era lavá-las com violetas todas as manhãs.
A Quarta mocinha não mostrou as mãos, deixando-as no colo. Uma velha veio andando pela estrada e parou perto das mocinhas. Elas lhe mostraram as mãos, perguntando quais eram as mais belas. Para cada uma, ela balançou a cabeça e depois pediu para ver as mãos da última mocinha, que as mantinha no colo. Ela levantou as mãos timidamente.
- Hum, estas mãos estão bem limpinhas - disse a mulher - , mas estão endurecidas pelo trabalho. Estas mãos ajudam os pais lavando a louça, varrendo o chão, limpando as janelas e semeando a horta. Estas mãos tomam conta do bebê, levam chá quente para a vovó e ensinam ao irmãozinho menor como empilhar os toquinhos e empinar pipa. Sim, estas mãos andam muito ocupadas fazendo da casa um lar feliz, cheio de amor e carinho.
Então a velha remexeu no bolso e retirou um anel de diamantes, com rubis mais vermelhos que o morango e turquesas mais azuis que as violetas.
- Tome, use este anel, querida. Você merece o prêmio pelas mais belas mãos, pois são as mais úteis.
E a mulher desapareceu, deixando as mocinhas sentadas à beira do riacho.

Porque cães não vivem tanto quanto as pessoas?


Sou veterinário, e fui chamado para examinar um cão da raça Wolfhound Irlandês chamado Belker. Os proprietários do animal, Ron, sua esposa Lisa, e seu garotinho Shane, eram todos muito ligados a Belker e esperavam por um milagre.
Examinei Belker e descobri que ele estava morrendo de câncer. Eu disse à família que não haveria milagres no caso de Belker, e me ofereci para proceder a eutanásia para o velho cão em sua casa. Enquanto fazíamos os arranjos, Ron e Lisa me contaram que estavam pensando se não seria bom deixar que Shane, de quatro anos de idade, observasse o procedimento. Eles achavam que Shane poderia aprender algo da experiência.
No dia seguinte, eu senti o familiar "aperto na garganta" enquanto a família de Belker o rodeava. Shane, o menino, parecia tão calmo, acariciando o velho cão pela última vez, que eu imaginei se ele entendia o que estava se passando. Dentro de poucos minutos, Belker foi-se, pacificamente. O garotinho parecia aceitar a transição de Belker sem dificuldade ou confusão.
Nós nos sentamos juntos um pouco após a morte de Belker, pensando alto sobre o triste fato da vida dos animais serem mais curtas que as dos seres humanos. Shane, que tinha estado escutando silenciosamente, saltou, "Eu sei porque." Abismados, nós nos voltamos para ele. O que saiu de sua boca me assombrou. Eu nunca ouvira uma explicação mais reconfortante.
Ele disse:
— "As pessoas nascem para que possam aprender a ter uma boa vida, como amar todo mundo todo o tempo e ser bom, certo?"
e o garoto de quatro anos continuou...
— Bem, cães já nascem sabendo como fazer isto, portanto não precisam ficar aqui por tanto tempo.

A árvore morta


Num inverno, quando eu ainda era criança, meu pai estava precisando de lenha. Procurou uma árvore morta e a cortou.
Mas, quando chegou a primavera, viu que no tronco daquela árvore que tinha cortado, nasciam novos brotos. Meu pai ficou desolado.
Então ele disse:
- Tinha certeza de que aquela árvore estava morta. Perdera todas as folhas no inverno e fazia tanto frio que os galhos quebraram e caíram no chão, como se o velho tronco tivesse ficado sem vida. Mas agora percebo que ainda existia vida naquele tronco.
Depois voltou-se para mim e aconselhou-me:
- Não esqueça esta lição. Nunca corte uma árvore no inverno. Não tome uma decisão negativa no tempo adverso. Nunca tome decisões importantes quando se sentir desanimado, deprimido e com o espírito abatido. Espere. Seja paciente. A tormenta passará. Lembre-se: a primavera voltará!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Duas opções


Desde pequena Svetlana só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Bolshoi Ballet. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Svetlana tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria a Bailarina do Bolshoi. Haviam criado um apelido especial para ela : lankina que no antigo dialeto queria dizer "a que flutua". Era uma forma carinhosa de brincar com a bela e talentosa Svetlana pois a palavra também podia significar "a que divaga", ou "que sonha acordada".
Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Ballet Master e lhe perguntou:
"Então, o Sr. acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?"
Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio as lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "Não" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha . Ou fazer seu alongamento frente ao espelho.
Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir a performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem a frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
"Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes" respondeu o Sr. Davidovitch.
"Como o Sr. poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o Sr. me avaliou!"
Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas não hesitou ao responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se você foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa."

O que é o amor?

Em uma sala de aula, haviam várias crianças; quando uma delas perguntou a professora: 
- Professora, o que é o AMOR? 
A professora sentiu que a criança merecia uma resposta a altura da pergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor. As crianças saíram apressadas e, ao voltarem, a professora disse: 
- Quero que cada um mostre o que trouxe consigo. 
A primeira criança disse: 
- Eu trouxe esta FLOR, não é linda? 
A segunda criança falou: 
- Eu trouxe esta BORBOLETA - veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção. 
A terceira criança completou: 
- Eu trouxe este FILHOTE DE PASSARINHO - ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha? 
E assim as crianças foram se colocando. 
Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. 
A professora se dirigiu a ela e perguntou: 
- Meu bem, por que você nada trouxe? 
E a criança timidamente respondeu: 
- Desculpe, professora. Vi a FLOR, e senti o seu perfume, pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu PERFUME exalasse por mais tempo. Vi também a BORBOLETA, leve, colorida... Ela parecia tão feliz, que não tive coragem de aprisioná-la. 
Vi também o PASSARINHO, caído entre as folhas, mas, ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe, e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo: o perfume da flor; a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe? 
A professora agradeceu a criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera, que só podemos trazer o AMOR em nosso coração.

A história do marcelo


Um homem queria pendurar um quadro. O prego ele já tinha, só faltava o martelo. O vizinho possuía um, e o nosso homem resolveu ir até lá pedi-lo emprestado.
Mas ficou em dúvida:
"E se o vizinho não quiser me emprestar o martelo? Ontem ele me cumprimentou meio secamente. Talvez estivesse com pressa. Mas isso devia ser só uma desculpa. Ele deve ter alguma coisa contra mim. Mas por quê? eu não fiz nada! Ele deve estar imaginando coisas. Se alguém quisesse emprestar alguma ferramenta minha eu emprestaria imediatamente. Por que ele não quer me emprestar o martelo? Como é que alguém pode recusar um simples favor desses a um semelhante? Gente dessa laia só complica a nossa vida. Na certa, ele imagina que eu dependo dele só porque ele tem um martelo. Mas, agora chega!"
E correu até o apartamento do vizinho, tocou a campainha, o vizinho abriu a porta. Mas antes que pudesse dizer "Bom Dia", o nosso homem berrou:
"Pode ficar com o seu martelo, seu imbecil!"

A linha mágica


"Era uma vez uma viúva que tinha um filho chamado Pedro. O menino era forte e são, mas não gostava de ir à escola e passava o tempo todo sonhando acordado.
- Pedro, com o que você está sonhando a uma hora destas? - perguntava-lhe a professora.
- Estava pensando no que serei quando crescer - respondia ele.
- Seja paciente. Há muito tempo para pensar nisso. Depois de crescido, nem tudo é divertimento, sabe? - dizia ela.
Mas Pedro tinha dificuldades para apreciar qualquer coisa que estivesse fazendo no momento, e ansiava sempre pela próxima. No inverno, ansiava pelo retorno do verão; e no verão, sonhava com passeios de esqui e trenó, e com as fogueiras acesas durante o inverno. Na escola, ansiava pelo fim do dia, quando poderia voltar para casa; e nas noites de domingo, suspirava dizendo: "Se as férias chegassem logo!" O que mais o entretinha era brincar com a amiga Lise. Era companheira tão boa quanto qualquer menino, e a ansiedade de Pedro não a afetava, ela não se ofendia. "Quando crescer, vou casar-me com ela", dizia Pedro consigo mesmo.
Costumava perder-se em caminhadas pela floresta, sonhando com o futuro. Ás vezes, deitava-se ao sol sobre o chão macio, com as mãos postas sob a cabeça, e ficava olhando o céu através das copas altas das árvores. Uma tarde quente, quando estava quase caindo no sono, ouviu alguém chamando por ele. Abriu os olhos e sentou-se. Viu uma mulher idosa em pé à sua frente. Ela trazia na mão uma bola prateada, da qual pendia uma linha de seda dourada.
- Olhe o que tenho aqui, Pedro - disse ela, oferecendo-lhe o objeto.
- O que é isso? - perguntou, curioso, tocando a fina linha dourada.
- É a linha da sua vida - retrucou a mulher. - Não toque nela e o tempo passará normalmente. Mas se desejar que o tempo ande mais rápido, basta dar um leve puxão na linha e uma hora passará como se fosse um segundo. Mas devo avisá-lo: uma vez que a linha tenha sido puxada, não poderá ser colocada de volta dentro da bola. Ela desaparecerá como uma nuvem de fumaça. A bola é sua. Mas se aceitar meu presente, não conte para ninguém; senão, morrerá no mesmo dia. Agora diga, quer ficar com ela?
Pedro tomou-lhe das mãos o presente, satisfeito. Era exatamente o que queria. Examinou-a. Era leve e sólida, feita de uma peça só. Havia apenas um furo de onde saía a linha brilhante. O menino colocou-a no bolso e foi correndo para casa. Lá chegando, depois de certificar-se da ausência da mãe, examinou-a outra vez. A linha parecia sair lentamente de dentro da bola, tão devagar que era difícil perceber o movimento a olho nu. Sentiu vontade de dar-lhe um rápido puxão, mas não teve coragem. Ainda não.
No dia seguinte na escola, Pedro imaginava o que fazer com sua linha mágica. A professora o repreendeu por não se concentrar nos deveres. "Se ao menos", pensou ele, "fosse a hora de ir para casa!" Tateou a bola prateada no bolso. Se desse apenas um pequeno puxão, logo o dia chegaria ao fim. Cuidadosamente, pegou a linha e puxou. De repente, a professora mandou que todos arrumassem suas coisas e fossem embora, organizadamente. Pedro ficou maravilhado. Correu sem parar até chegar em casa. Como a vida seria fácil agora! Todos seus problemas haviam terminado. Dali em diante, passou a puxar a linha, só um pouco, todos os dias.
Entretanto, logo apercebeu-se que era tolice puxar a linha apenas um pouco todos os dias. Se desse um puxão mais forte, o período escolar estaria concluído de uma vez. Ora, poderia aprender uma profissão e casar-se com Lise. Naquela noite, então, deu um forte puxão na linha, e acordou na manhã seguinte como aprendiz de um carpinteiro da cidade. Pedro adorou sua nova vida, subindo em telhados e andaimes, erguendo e colocando a marteladas enormes vigas que ainda exalavam o perfume da floresta. Mas às vezes, quando o dia do pagamento demorava a chegar, dava um pequeno puxão na linha e logo a semana terminava, já era a noite de sexta-feira e ele tinha dinheiro no bolso.
Lise também mudara-se para a cidade e morava com a tia, que lhe ensinava os afazeres do lar. Pedro começou a ficar impaciente acerca do dia em que se casariam. Era difícil viver tão perto e tão longe dela, ao mesmo tempo. Perguntou-lhe, então, quando poderiam se casar.
- No próximo ano - disse ela. - Eu já terei aprendido a ser uma boa esposa.
Pedro tocou com os dedos a bola prateada no bolso.
- Ora, o tempo vai passar bem rápido - disse, com muita certeza.
Naquela noite, não conseguiu dormir. Passou o tempo todo agitado, virando de um lado para outro na cama. Tirou a bola mágica que estava debaixo do travesseiro. Hesitou um instante; logo a impaciência o dominou, e ele puxou a linha dourada. Pela manhã, descobriu que o ano já havia passado e que Lise concordara afinal com o casamento. Pedro sentiu-se realmente feliz.
Mas antes que o casamento pudesse realizar-se, recebeu uma carta com aspecto de documento oficial. Abriu-a, trêmulo, e leu a noticia de que deveria apresentar-se ao quartel do exército na semana seguinte para servir por dois anos. Mostrou-a, desesperado, para Lise.
- Ora - disse ela -, não há o que temer, basta-nos esperar. Mas o tempo passará rápido, você vai ver. Há tanto o que preparar para nossa vida a dois!
Pedro sorriu com galhardia, mas sabia que dois anos durariam uma eternidade para passar.
Quando já se acostumara à vida no quartel, entretanto, começou a achar que não era tão ruim assim. Gostava de estar com os outros rapazes, e as tarefas não eram tão árduas a princípio. Lembrou-se da mulher aconselhando-o a usar a linha mágica com sabedoria e evitou usá-la por algum tempo. Mas logo tornou a sentir-se irrequieto. A vida no exército o entediava com tarefas de rotina e rígida disciplina. Começou a puxar a linha para acelerar o andamento da semana a fim de que chegasse logo o domingo, ou o dia da sua folga. E assim se passaram os dois anos, como se fosse um sonho.
Terminado o serviço militar, Pedro decidiu não mais puxar a linha, exceto por uma necessidade absoluta. Afinal, era a melhor época da sua vida, conforme todos lhe diziam. Não queria que acabasse tão rápido assim. Mas ele deu um ou dois pequenos puxões na linha, só para antecipar um pouco o dia do casamento. Tinha muita vontade de contar para Lise seu segredo; mas sabia que se contasse, morreria.
No dia do casamento, todos estavam felizes, inclusive Pedro. Ele mal podia esperar para mostrar-lhe a casa que construíra para ela. Durante a festa, lançou um rápido olhar para a mãe. Percebeu, pela primeira vez, que o cabelo dela estava ficando grisalho. Envelhecera rapidamente. Pedro sentiu uma pontada de culpa por ter puxado a linha com tanta freqüência. Dali em diante, seria muito mais parcimonioso com seu uso, e sé a puxaria se fosse estritamente necessário.
Alguns meses mais tarde, Lise anunciou que estava esperando um filho. Pedro ficou entusiasmadíssimo, e mal podia esperar. Quando o bebê nasceu, ele achou que não iria querer mais nada na vida. Mas sempre que o bebê adoecia ou passava uma noite em claro chorando, ele puxava a linha um pouquinho para que o bebê tornasse a ficar saudável e alegre.
Os tempos andavam difíceis. Os negócios iam mal e chegara ao poder um governo que mantinha o povo sob forte arrocho e pesados impostos, e não tolerava oposição. Quem quer que fosse tido como agitador era preso sem julgamento, e um simples boato bastava para se condenar um homem. Pedro sempre fora conhecido por dizer o que pensava, e logo foi preso e jogado numa cadeia. Por sorte, trazia a bola mágica consigo e deu um forte puxão na linha. As paredes da prisão se dissolveram diante dos seus olhos e os inimigos foram arremessados à distância numa enorme explosão. Era a guerra que se insinuava, mas que logo acabou, como uma tempestade de verão, deixando o rastro de uma paz exaurida. Pedro viu-se de volta ao lar com a família. Mas era agora um homem de meia-idade.
Durante algum tempo, a vida correu sem percalços, e Pedro sentia-se relativamente satisfeito. Um dia, olhou para a bola mágica e surpreendeu-se ao ver que a linha passara da cor dourada para a prateada. Foi olhar-se no espelho. Seu cabelo começava a ficar grisalho e seu rosto apresentava rugas onde nem se podia imaginá-las. Sentiu um medo súbito e decidiu usar a linha com mais cuidado ainda do que antes. Lise dera-lhe outros filhos e ele parecia feliz como chefe da família que crescia. Seu modo imponente de ser fazia as pessoas pensarem que ele era algum tipo de déspota benevolente. Possuía um ar de autoridade como se tivesse nas mãos o destino de todos. Mantinha a bola mágica bem escondida, resguardada dos olhos curiosos dos filhos, sabendo que se alguém a descobrisse, seria fatal.
Cada vez tinha mais filhos, de modo que a casa foi ficando muito cheia de gente. Precisava ampliá-la, mas não contava com o dinheiro necessário para a obra. Tinha outras preocupações, também. A mãe estava ficando idosa e parecia mais cansada com o passar dos dias. Não adiantava puxar a linha da bola mágica, pois isto sé aceleraria a chegada da morte para ela. De repente, ela faleceu, e Pedro, parado diante do túmulo, pensou como a vida passara tão rápido, mesmo sem fazer uso da linha mágica.
Uma noite, deitado na cama, sem conseguir dormir, pensando nas suas preocupações, achou que a vida seria bem melhor se todos os filhos já estivessem crescidos e com carreiras encaminhadas. Deu um fortíssimo puxão na linha, e acordou no dia seguinte vendo que os filhos já não estavam mais em casa, pois tinham arranjado empregos em diferentes cantos do país, e que ele e a mulher estavam sós. Seu cabelo estava quase todo branco e doíam-lhe as costas e as pernas quando subia uma escada ou os braços quando levantava uma viga mais pesada. Lise também envelhecera, e estava quase sempre doente. Ele não agüentava vê-la sofrer, de tal forma que lançava mão da linha mágica cada vez mais freqüentemente. Mas bastava ser resolvido um problema, e já outro surgia em seu lugar. Pensou que talvez a vida melhorasse se ele se aposentasse. Assim, não teria que continuar subindo nos edifícios em obras, sujeito a lufadas de vento, e poderia cuidar de Lise sempre que ela adoecesse. O problema era a falta de dinheiro suficiente para sobreviver. Pegou a bola mágica, então, e ficou olhando. Para seu espanto viu que a linha não era mais prateada, mas cinza, e perdera o brilho. Decidiu ir para a floresta dar um passeio e pensar melhor em tudo aquilo.
Já fazia muito tempo que não ia àquela parte da floresta. Os pequenos arbustos haviam crescido, transformando-se em árvores frondosas, e foi difícil encontrar o caminho que costumava percorrer. Acabou chegando a um banco no meio de uma clareira. Sentou-se para descansar e caiu em sono leve. Foi despertado por uma voz que chamava-o pelo nome: "Pedro! Pedro!"
Abriu os olhos e viu a mulher que encontrara havia tantos anos e que lhe dera a bola prateada com a linha dourada mágica. Aparentava a mesma idade que tinha no dia em questão, exatamente igual. Ela sorriu para ele.
- E então, Pedro, sua vida foi boa? - perguntou.
- Não estou bem certo - disse ele. - Sua bola mágica é maravilhosa. Jamais tive que suportar qualquer sofrimento ou esperar por qualquer coisa em minha vida. Mas tudo foi tão rápido. Sinto como se não tivesse tido tempo de apreender tudo que se passou comigo; nem as coisas boas, nem as ruins. E agora falta tão pouco tempo! Não ouso mais puxar a linha, pois isto só anteciparia minha morte. Acho que seu presente não me trouxe sorte.
- Mas que falta de gratidão! - disse a mulher. - Como você gostaria que as coisas fossem diferentes?
- Talvez se você tivesse me dado uma outra bola, que eu pudesse puxar a linha para fora e para dentro também. Talvez, então, eu pudesse reviver as coisas ruins.
A mulher riu-se. - Está pedindo muito! Você acha que Deus nos permite viver nossas vidas mais de uma vez? Mas posso conceder-lhe um último desejo, seu tolo exigente.
- Qual? - perguntou ele.
- Escolha - disse ela. Pedro pensou bastante. Depois de um bom tempo, disse: - Eu gostaria de tornar a viver minha vida, como se fosse a primeira vez, mas sem sua bola mágica. Assim poderei experimentar as coisas ruins da mesma forma que as boas sem encurtar sua duração, e pelo menos minha vida não passará tão rápido e não perderá o sentido como um devaneio.
- Assim seja - disse a mulher. - Devolva-me a bola. Ela esticou a mão e Pedro entregou-lhe a bola prateada. Em seguida, ele se recostou e fechou os olhos, exausto.
Quando acordou, estava na cama. Sua jovem mãe se debruçava sobre ele, tentando acordá-lo carinhosamente.
- Acorde, Pedro. Não vá chegar atrasado na escola. Você estava dormindo como uma pedra!
Ele olhou para ela, surpreso e aliviado.
Tive um sonho horrível, mãe. Sonhei que estava velho e doente e que minha vida passara como num piscar de olhos sem que eu sequer tivesse algo para contar. Nem ao menos algumas lembranças.
A mãe riu-se e fez que não com a cabeça.
Isso nunca vai acontecer disse ela. As lembranças são algo que todos temos, mesmo quando velhos. Agora, ande logo, vá se vestir. A Lise está esperando por você, não deixe que se atrase por sua causa.
A caminho da escola em companhia da amiga, ele observou que estavam em pleno verão e que fazia uma linda manhã, uma daquelas em que era ótimo estar vivendo. Em poucos minutos, estariam encontrando os amigos e colegas, e mesmo a perspectiva de enfrentar algumas aulas não parecia tão ruim assim. Na verdade, ele mal podia esperar."

O bosque


Tempos atrás, eu era vizinho de um médico, cujo "hobby" era plantar árvores no enorme quintal de sua casa.
Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias.
O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava.
Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito para crescer.
Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava.
Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.
Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima.
Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo.
Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais resistentes às intempéries.
Disse-me ainda, que freqüentemente dava uma palmadinha nas suas árvores, com um jornal enrolado, e que fazia isso para que se mantivessem sempre acordadas e atentas.
Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.
Logo depois, fui morar em outro país, e nunca mais o encontrei.
Vários anos depois, ao retornar do exterior fui dar uma olhada na minha antiga residência.
Ao aproximar-me, notei um bosque que não havia antes.
Meu antigo vizinho, havia realizado seu sonho!
O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno.
Entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda.

O fundo do poço


Havia um índio de uma tribo Maia, que morava próximo à um rio e que vivia muito bem com sua família. Ele plantava milho para consumo próprio e o que sobrava trocava com outros companheiros por arroz, trigo e outros cereais. Para complementar a alimentação de sua família ele pescava e caçava pelas redondezas. Durante muito tempo tudo corria na mais imensa paz e sua vida era um imenso mar de rosas, mas o ano que se aproximava lhe trazia surpresas nada agradáveis.
Nesse ano, houve uma seca muito grande, o rio secou, a sua plantação de milho morreu, e os animais que andavam por aquelas redondezas desapareceram. Para piorar as coisas, sua mãe que estava de idade avançada contraiu dengue, seu filhinho contraiu malária e sua esposa que estava grávida de 4 meses acabou tendo um aborto acidental. Tudo isso fez com que ele ficasse desesperado, pois além de estar passando fome tudo mais em sua vida estava dando errado. Ele já não sabia a quem recorrer e estado de agonia resolveu ir conversar com o pajé da tribo.
Ao chegar para conversar com o pajé, o amigo índio foi logo desabafando e contando todos os problemas que estava passando naquele momento. O pajé apenas ouvia atentamente sem proferir nenhuma palavra. O índio continuou falando, falando, falando até que percebeu que o pajé não havia proferido palavra alguma.
Desesperado e já em prantos, o índio gritou:
- Por favor pajé, me dê uma luz! Será que você não percebe o meu desespero. Já não sei mais o que fazer da minha vida.
O pajé suspirou e com uma voz calma disse:
- Meu filho, alegre-se, pois a hora mais escura da noite é aquela em que o sol está mais próximo de nascer.

A divindade dos Homens


Uma velha lenda hindu conta que, numa época imemorial, todos os homens da Terra eram deuses, mas os homens pecaram e abusaram tanto do Divino que Brahma, o deus de todos os deuses, decidiu que a divindade fosse retirada dos homens e escondida em algum lugar onde jamais fosse encontrada.
Um dos deuses disse: "Então vamos enterrá-la profundamente na terra".
Brahma replicou: "Não o homem pode escavar a terra até encontrá-lo".
Outro deus disse: "Então, vamos jogá-lo no oceano mais profundo".
Brahma não concordou: "Não, o homem aprenderá a mergulhar e um dia vai encontrá-la".
Um terceiro deus sugeriu: "Por que não escondê-la na montanha mais alta?"
Brahma então disse: "Não, o homem pode escalá-la. Tenho um lugar melhor. Vamos escondê-la no interior do próprio homem. Ele nunca vai pensar em procurá-la lá".

Os primeiros lugares


Conta uma brasileira, que foi trabalhar algum tempo na Suécia, que várias vezes fez comparações entre suecos e brasileiros. A forma de resolver problemas, a maneira de conduzir determinadas dificuldades no ambiente de trabalho, etc. Nessas suas observações, concluiu, em um primeiro momento, que os suecos tinham alguns comportamentos muito próprios. Em verdade, ela jamais imaginara que com eles aprenderia uma extraordinária lição. Algo que a faria admirá-los e seguir-lhes o exemplo.
No seu primeiro dia de trabalho, um colega da empresa veio apanhá-la em casa e eles seguiram, juntos, no carro dele. Ao chegarem, ele entrou no estacionamento, uma área ampla para mais de 200 carros. Assim, ela e ele tiveram que caminhar um trecho considerável, até chegar à porta da empresa.
No segundo dia, o fato se repetiu. Eles tornaram a chegar cedo e, novamente, o carro foi colocado logo na entrada. Outra vez tiveram que atravessar todo o extenso pátio do estacionamento, até chegarem no escritório.
No terceiro dia, um tanto mais confiante, ela não se conteve e perguntou ao colega: "por que é que você deixa o carro tão distante, quando há tantas vagas disponíveis? Por que não escolhe uma vaga mais próxima do acesso ao nosso local de trabalho?"
A resposta foi franca e rápida: "o motivo é muito simples. Nós chegamos cedo e temos tempo para andar, sem perigo de nos atrasarmos. Alguns dos nossos colegas chegam quase em cima da hora e se tiverem que andar um trecho longo, correm o risco de se atrasarem. Assim, é bom que encontrem vagas bem mais próximas, ganhando tempo."
O gesto pode ser qualificado de companheirismo, coleguismo. Não importa. O que tem verdadeira importância é a consciência de colaboração. Ela recordou que, algumas vezes, em estacionamentos, no Brasil, vira vagas para deficientes sendo utilizadas por pessoas não deficientes. Só por serem mais próximas, ou mais cômodas. Recordou dos bancos reservados a idosos, gestantes em nossos ônibus e utilizados por jovens e crianças, sem preocupação alguma. Lembrou de poltronas de teatros e outros locais de espetáculos tomadas quase de assalto, pelos mais ágeis, em detrimento de pessoas com certas dificuldades de locomoção. Pensou em tantas coisas. Refletiu. Ponderou...
E nós? Como agimos em nossas andanças pelas vias do mundo? Somos dos que buscamos sempre os lugares mais privilegiados, sem pensar nos outros? Alguma vez pensamos em nos acomodar nas cadeiras do centro do salão, quando vamos a uma conferência, pensando que os que chegarem em cima da hora, ocuparão as pontas, com maior facilidade? Pensamos, alguma vez, em ceder a nossa vez no caixa do supermercado a uma mãe com criança ou alguém que expresse a sua necessidade de sair com maior rapidez?
Pensemos nisso. O ensinamento vale para cada dia e situação das nossas vidas.

Original ou cópia


Cada indivíduo precisa estar consciente, alerta, observador, precisa fazer experiências com a vida e descobrir o que é bom para ele. Na existência não existe uma estrada já asfaltada e pronta.
O caminho se faz ao caminhar. Quem anda sobre as pegadas dos outros não deixa a marca de sua passagem pelo mundo. Tudo o que lhe der paz, tudo o que o deixar em estado de graça, tudo o que lhe der serenidade, tudo o que o aproximar da existência e de sua imensa harmonia será bom.
E tudo o que criar conflito, infelicidade e sofrimento em você estará errado. Ninguém mais poderá decidir isso por você, porque cada indivíduo tem seu próprio mundo, sua própria sensibilidade.
Somos únicos. Assim, fórmulas não irão funcionar. Nunca perguntar a alguém o que é certo e o que é errado, pois estes conceitos são muito relativos.
A vida é um experimento para descobrir o que é certo e o que é errado. Às vezes você fará o errado, mas isso lhe proporcionará a experiência, isso o deixará consciente do que precisa ser evitado. Às vezes você fará algo bom e será imensamente beneficiado.
As recompensas não estão além desta vida, em outra dimensão ou no céu ou no inferno. Elas estão aqui e agora. Cada ação traz seu resultado, a eterna lei de causa e efeito.
Pessoas maduras são aquelas que observam e descobrem por si mesmas o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é ruim. E, pelo fato de descobrirem por si mesmas, elas têm uma imensa autoridade.
O mundo inteiro pode dizer uma outra coisa, e isso não faz diferença para elas. Elas têm suas próprias experiências para se orientarem, e isso é suficiente.
Ser você mesmo, lhe dá tudo o que você precisa, para sentir-se pleno, tudo o que pode tornar sua vida significativa, com sentido.
Você nasceu com um "original". Não morra como uma "cópia"!

Eu, domador de mim...


Ele já tinha todas as rugas do tempo, quando o encontrei pela primeira vez. Queixava-se de que tinha muito o que fazer. Perguntei-lhe como era possível que em sua solidão, tivesse tanto trabalho...
- Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e dominar um leão! - disse ele.
- Não vejo nenhum animal perto do local onde vives. Onde eles estão? Ele explicou:
- Estes animais, todos os Homens têm!
Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, seja bom ou mau. Tenho que domá-los para que se fixem sobre uma boa presa. São os meus OLHOS!
As duas águias, ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis sem ferir. São as minhas MÃOS!
Os dois coelhos querem ir aonde lhes agradem. Fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades... Tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático e desagradável. São os meus PÉS!
O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a jaula, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a vigio de perto, causa danos. É a minha LÍNGUA!
O asno é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia. É o meu CORPO!
Finalmente, preciso dominar o leão... Ele sempre quer ser o Rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso. É o meu CORAÇÃO!

Vencedor e perdedor

Quando um vencedor comete um erro, diz: - Eu errei. 
Quando um perdedor comete um erro, diz: - Não foi minha culpa. 
Um vencedor trabalha duro e tem mais tempo. 
Um perdedor está sempre "muito ocupado" para fazer o que é necessário. 
Um vencedor enfrenta e supera o problema. 
Um perdedor dá voltas e nunca consegue resolvê-lo. 
Um vencedor se compromete. 
Um perdedor faz promessas. 
Um vencedor diz: - Eu sou bom, porém não tão bom como gostaria de ser. 
Um perdedor diz: - Eu não sou tão ruim como tantos outros. 
Um vencedor escuta, compreende e responde. 
Um perdedor somente espera uma oportunidade para falar. 
Um vencedor respeita aqueles que são superiores a ele e trata de aprender algo com eles. 
Um perdedor resiste àqueles que são superiores a ele e trata de encontrar defeitos. 
Um vencedor se sente responsável por algo mais do que somente o seu trabalho. 
Um perdedor não colabora e sempre diz: - Eu somente faço o meu trabalho. 
Um vencedor diz: - Deve haver uma melhor forma de fazer o meu trabalho. 
Um perdedor diz: - Esta é a maneira que sempre fizemos. 
Um perdedor guarda a vitória para si mesmo porque não tem tempo ou amigos para compartilhar. 
Um vencedor sempre compartilha suas vitórias com os seus amigos.